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Crise, busca por crédito e redução de custos favorecem mercado de dados

em Destaques
quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

A maioria dos analistas concorda com a previsão de que 2023 será um ano difícil para a economia mundial. Além do risco de recessão (ou continuidade da crise em parte do mundo), no Brasil, o novo governo já começa em um cenário complexo, com mensagens conflitantes sobre política econômica, responsabilidade fiscal e outros temas relevantes.

Junto disso, continuam fortes pressões inflacionárias e consenso do mercado pela manutenção da taxa básica de juros em um nível alto – dificultando os investimentos por parte das empresas. Apesar deste cenário complexo, o mercado de dados tem apresentado movimentações contra-cíclicas, que abrem a possibilidade de fortalecimento não só para 2023, mas também para os anos seguintes.

Segundo Thoran Rodrigues, CEO da BigDataCorp, maior datatech da América Latina, são vários os fatores que contribuem para esta expectativa positiva para o setor. Segundo ele, a principal é a necessidade de transformação digital. “A crise faz as empresas buscarem a otimização de processos. Isso envolve a aplicação de informações, seja por regras, relatórios, ou mesmo inteligência artificial, para automatizar operações e reduzir a o trabalho que precisa ser realizado por pessoas”.

E a redução de custos traz retorno positivo aos investimentos. “A tendência é que as empresas busquem cada vez mais automação, o que leva diretamente a um aumento no consumo de dados e tecnologias relacionadas”, revela o especialista. Outros fatores que têm contribuído partem dos maiores consumidores de dados hoje no mercado, o varejo e o mercado financeiro.

Segundo Thoran, “na crise, empresas e pessoas pedem mais crédito às instituições financeiras, o que aumenta o volume de análises de perfis. Como também cresce o número de pessoas desempregadas, aumenta a incidência de fraudes e inadimplência – que se traduz em maior necessidade de ferramentas e processos para mitigar esses riscos. Em ambos os casos, uma das consequências é o aumento da demanda por dados”, comenta.

A tendência de crescimento no mercado de dados vem se mantendo desde os últimos anos. No Brasil, houve um movimento expressivo de entrada da B3 com recentes aquisições e ainda a chegada de importantes players internacionais, através da compra (total ou parcial) de empresas locais. Do investimento realizado pela LexisNexis no Quod à oferta de compra da Boa Vista pela Equifax, esses movimentos demonstram o potencial e reforçam a importância do Brasil neste segmento.

Além disso, principalmente em 2021 e 2022, surgiram dezenas de startups atuando em nichos. Estas empresas trazem informações de setores específicos da economia (como do mercado imobiliário e publicidade), ou então soluções que aplicam dados de diferentes fontes para verticais específicas (como o due diligence ou a análise financeira de empresas).

O CEO da BigDataCorp também revela que várias empresas – não diretamente do setor – estão criando serviços relacionados ao mercado de dados. Instituições financeiras, varejo e até indústrias têm disponibilizado dados ou produtos criados com base em suas informações proprietárias. “Essa é uma tendência que deve se ampliar, já que esse tipo de serviço pode compor uma fonte de receita alternativa importante em um momento de complexidade econômica”, afirma Thoran.

. Inteligência Artificial, Privacidade e Regulamentação – A demanda crescente por dados se traduz tanto no investimento crescente em tecnologias de coleta, gestão e manutenção de dados internos – data lakes, data warehouses, e outros tipos de plataformas de software – quanto na aquisição de dados externos.

Em muitos casos, são justamente os dados externos, ou a aplicação de dados alternativos, que trazem os maiores ganhos para as empresas, e a busca por essas informações só tende a se intensificar.

Junto com a busca por dados, tem havido também uma abertura para a aplicação de soluções de inteligência artificial nas operações das empresas, que vêm percebendo que essas tecnologias serão cada vez mais fundamentais para conseguirem se manter competitivas no mercado.

Especialistas em tecnologia alegam que, diferente do que já foi visto nessa área no passado, aplicações em negócios reais estão surgindo e vão se proliferar ao longo deste e dos próximos anos.

As perspectivas para 2023 também incluem questões de privacidade e regulamentação. Em 2022, houve o surgimento de importantes marcos regulatórios ao redor do mundo, bem como de uma aplicação mais intensa das legislações que já estão em vigor há mais tempo, como a GDPR. Esta tendência de maior preocupação dos governos com relação aos dados, com as suas diferentes aplicações, não deve mudar.

Exemplo disso é a União Europeia, que já colocou essas normas em vigor, agindo contra o monopólio de grandes empresas de tecnologia, como Amazon e Facebook. Outros movimentos, relacionados com a remuneração de fontes de notícias locais, a proteção de pequenas empresas e comércios no ambiente digital e temas relacionados devem acontecer com mais frequência daqui em diante.

Thoran Rodrigues, revela-se otimista para o ano em que a BigDataCorp completa 10 anos de fundação. “Para o setor de tecnologia e mercado de dados de forma mais específica, o panorama está muito positivo, criando condições que favorecem o crescimento e a expansão das empresas que atuam nele. Com todos esses ventos a favor, o aumento da quantidade de empresas, empregos e, óbvio, receitas deve acelerar”, finaliza o empreendedor. – Fonte e mais informações: (https://bigdatacorp.com.br/).