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Consultoria organizacional: uma opção de carreira

em Destaques
quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Rafael Mottola Rocha (*)

As mudanças nas relações de trabalho, o enxugamento das estruturas organizacionais, a incorporação de novas tecnologias e a possibilidade de ser dono do próprio negócio estão entre os motivos pelos quais cada vez mais profissionais deixam os quadros das empresas pela possibilidade de empreender.

E, dentre as alternativas viáveis, está atuar como consultor ou assessor organizacional. Contudo, é importante compreender por que uma organização contrata uma consultoria ou um consultor.

Destaco alguns motivos principais. Um deles é para ajudar o cliente quando ele não sabe fazer (aplicar metodologias para a resolução de problemas complexos, por exemplo), ou para ajudá-lo com mão de obra qualificada para operacionalizar o que ele sabe que precisa fazer, mas “não tem braços” (realizar auditorias na rede de distribuição ou filiais do cliente, por exemplo).

Há ainda casos em que é preciso ajudar o cliente a chegar aonde ele (ainda) não sabe que pode chegar, aplicando uma metodologia de elaboração e desdobramento de planejamento estratégico que seja ambidestra, por exemplo, focando nos resultados de curto prazo e ainda mirando no que a empresa quer se tornar daqui há cinco anos. Outro exemplo é no combate a desperdícios que o cliente não havia detectado, que podem torná-lo mais eficiente e competitivo.

No entanto, para atuar em consultoria organizacional, independentemente do tema ou nicho, se faz necessário possuir as famosas hard e soft kills. As hard skills são um conjunto de conhecimentos específicos, além de formação ou educação formal e vasta vivência nos temas que serão objeto da consultoria.

Já as soft skills são diferenciais em termos de habilidades humanas e comportamentais, forte capacidade de comunicação e de adaptação a novos contextos, setores, segmentos e culturas de empresas.

Estes dias, um ex-colega de trabalho, que está há alguns meses no mercado de trabalho buscando recolocação, me confidenciou que possui muito conhecimento e experiência acumulados em determinado tema, mas acha que lhe falta coragem para se tornar um consultor.

Respondi que até a prestigiada e experiente atriz brasileira Fernanda Montenegro, revelou sentir até hoje, antes de entrar em cena, “friozinho na barriga”. Isso denota responsabilidade e precisamos canalizar esta preocupação para foco no preparo.

De 1999 a 2010, atuei como consultor em paralelo às minhas atividades de executivo empregado, desde que não houvesse conflito ético. Atuei também na docência por mais de cinco anos. Desde 2010, somos uma empresa de consultoria com consultores parceiros para diversos temas. Hoje, estamos nos transformando em uma consultoria de resultados – queremos ser vistos pelos nossos clientes como uma consultoria estratégica que lhes ajuda a conquistar resultados concretos.

Consultoria é assim, temos que evoluir sempre. Observando minha trajetória até aqui, elaborei na forma de método, um caminho seguro, o qual resolvi batizar de “A Técnica dos 4 P’s” e que vai permitir a você e a outros profissionais também mapear suas competências e, quem sabe, lhe ajudar a dar os primeiros passos em consultoria, com segurança.

O primeiro P é de problema. Mapeie quais problemas de potenciais clientes que você pode ajudar a resolver com seu conhecimento, experiência e habilidades. Identificar oportunidades e problemas a serem resolvidos, alinhados com o que você gosta de fazer, é o primeiro passo.

O segundo P é perfil. Autoconhecimento é muito importante. Não nascemos sabendo e completos. Maximize seus pontos fortes e trate os pontos fracos, incluindo as soft skills.

O terceiro é de preparo. Nos primeiros treinamentos que eu ministrava aos sábados, eu acordava às 4h30 da manhã para revisar todo o material e ir mentalizando cada etapa do curso, assim como falas e dicas importantes que teria que abordar ao longo do treinamento. A cada vez que fazia isso e a cada novo treinamento, eu conquistava mais segurança ao passo que os feedbacks positivos também aumentavam.

O quarto é de persistência. Diz respeito a perseverar, se autoavaliar, não desistir, ouvir feedbacks e melhorar sempre. O objetivo de qualquer empresa, e na consultoria não é diferente, é primeiramente a sobrevivência e, assim que possível, a criação de valor para as partes interessadas, bem como criar relações de longo prazo com os clientes. Para que isso seja possível, precisamos construir três pilares:

. Autoridade: conquistamos autoridade a partir de nossas competências colocadas em prática, as quais se baseiam, como já mencionamos, em conhecimento, habilidades e experiência. Ao aplicar tais competências, auxiliamos os clientes a atingir os resultados definidos em cada projeto em que atuamos. Realizar lives, eventos, escrever artigos complementa e viabiliza que sejamos indicados para novas oportunidades.

. Confiança: a confiança passa pelo item anterior (realizações) e também por princípios éticos reforçados a cada projeto. Por exemplo, a confidencialidade – nenhuma informação pode vazar de projetos sem a anuência dos clientes.

. Relacionamento: prezar pelas interações com clientes, que não se restrinjam a projetos nos quais se esteja atuando. Realizar reuniões, visitas e contatos periódicos com clientes e potenciais clientes.

Assim, guiando clientes por caminhos viáveis e melhores, mapeando e reduzindo riscos, mostrando oportunidades e novos cenários, a consultoria pode ser a chave para o sucesso tanto para organizações quanto para profissionais que queiram contribuir e fazer a diferença nas próximas décadas.

(*) – É administrador de empresas, engenheiro de produção, diretor, consultor e mentor na HORUS Consultoria e Treinamento (www.horusconsultoria.com).