Viviane Gago (*)
O alto índice de insatisfação e infelicidade no ambiente corporativo tem explicação.
Segundo uma pesquisa realizada pelo aplicativo Survey Monkey, nove em cada dez brasileiros estão infelizes em seu atual ambiente de trabalho.
Mas porque, afinal, esse desejo acontece? São muitos os motivos para mudar de vida, transformar a rotina e decidir enfrentar uma transição de carreira, mudando a realidade profissional às vezes da água para o vinho.
A primeira delas é quando acontece, em um determinado momento da vida, uma transformação na essência da pessoa, implicando em uma necessidade de colocar em prática valores novos. Bom, foi o que aconteceu comigo – comecei a prestar mais atenção no comportamento das pessoas e a querer me aprofundar nos estudos do ser humano e suas facetas.
Outras razões são:
- Viver insatisfações e dúvidas em relação à vida, atual carreira e local de trabalho;
- Vivenciar mudanças nas estruturas de vida pessoal e profissional, despertando o desejo de começar de novo, recolocar-se no mercado de trabalho de uma maneira diferente;
- Estar em um ‘período de desintoxicação’ ou mesmo um sabático, reavaliando a vida como um todo e as prioridades;
- Fechamento de um ciclo, desejando uma rotina mais tranquila;
- Jovens que estão na fase de escolher, viver experiências novas na vida pessoal e profissional;
- Pessoas que não se identificaram com os cursos que inicialmente escolheram e querem avaliar outras possibilidades de carreira.
Bom, como deu para perceber, as razões são diversas. Mas o fato é que para as chances dessa transição darem certo, é necessário existir verdade nesse movimento, uma intenção real. Uma dor, a chama que acende o pavio da vontade de conquistar algo diferente.
E, durante esse processo, o que mais se terá serão dúvidas. Essa é a hora certa? Será que sou capaz de fazer algo tão diferente? Entra em cena então uma grande aliada, a autoconfiança: quando se acredita profundamente no potencial e na bagagem de vida conquistada até agora, as chances de sucesso são muito maiores.
Ter um planejamento, incluindo financeiro, organização e calma também são fundamentais nesse caminho. E se houver um porto seguro, melhor ainda – não fazemos nada sozinhos. Outra questão importante é traçar um caminho e reconhecer o alvo. Ter bem claro qual é o objetivo da busca e desenhar um plano de ação estruturado ajuda a enxergar um norte, facilitando demais a caminhada.
E, se ficar difícil traçar essa estratégia sozinho, há uma série de ferramentas prontas a apoiar cada descoberta, como coaching e psicoterapia, por exemplo. A carreira deve acolher e honrar os potenciais naturais de cada pessoa de maneira a trazer mais leveza e felicidade tanto para si mesmo como para os que estão ao redor: colegas de trabalho, parentes e amigos.
Pessoas felizes profissionalmente são mais capazes de conquistar realizações emocionais e materiais. Por que falar de carreira e vida nos parágrafos acima? Acredito firmemente que as duas coisas caminham juntas. Somos indivisíveis e não podemos tratar as duas realidades como diferentes. Muito pelo contrário, uma parte impacta diretamente a outra.
Nós, como seres humanos, temos múltiplas potencialidades e dons naturais. Quando descobrimos nossas habilidades e há um caminho a ser traçado com a ajuda de um planejamento financeiro e um porto seguro durante a transição, há grandes probabilidades desse movimento dar muito certo.
Depende de cada um de nós criarmos ambientes melhores e mais favoráveis ao desempenho de toda e qualquer atividade profissional. Até porque é impossível esquecer: nós somos as empresas, os escritórios, as consultorias e assim por diante. Nós, seres humanos, fazemos tudo acontecer. Tudo está em nossas mãos!
(*) – É coach nível sênior, consultora e facilitadora pela VRG Desenvolvimento Humano e autora do livro “Biografia de uma pessoa comum” (www.vivianegago.com).