Felipe Macedo (*)
Antes mesmo de o mundo viver uma pandemia, uma transformação digital já se iniciava. Mas as mudanças impostas pelos impactos causados pelo vírus da covid-19 aceleraram o processo. Porque de um lado estavam as empresas quase sem poder trabalhar de forma presencial e do outro lado estavam os consumidores sem sair de casa. Então estar on-line foi mais do que nunca necessário.
Aí que o e-commerce ganhou ainda mais visibilidade e fez muitos empreendedores (mesmo que à força) aprenderem a lidar com as soluções digitais para manter seus negócios vivos. A América Latina sentiu mais do que o resto do mundo esses impactos.
Um estudo da Enext aponta que países como o Brasil tiveram aumento nos números de compras e fizeram essa região do continente chegar a 81% de relevância do varejo online no dia a dia de compras para consumidores, contra 72% do restante do mapa.
Para se ter uma ideia, pela primeira vez na América Latina 38 milhões de pessoas compraram on-line. Uma pesquisa da eMarketer mostra que em 2022 o Brasil deve ser o primeiro a se recuperar dos impactos da pandemia até o final do ano.
. O que impulsionou o crescimento? – Entre 2019 e 2020 a transformação digital já entrava aos poucos nos negócios, remodelando o jeito de interagir com os consumidores. Acontece que com o decreto da pandemia essa interação se tornou “obrigatória”. Algumas soluções foram fundamentais para dar sustento ao e-commerce nesse período e devem se perpetuar daqui para a frente.
Os smartphones foram a base dessa agilidade que o consumidor encontrou para ter acesso a serviços e produtos de um jeito rápido e fácil. Isso impulsionou as compras. Os pagamentos digitais também foram fundamentais para dar essa agilidade. Mas praticamente nenhuma empresa sobreviveria sem um portal online, porque é lá que as transações são concluídas e as interações com clientes são medidas.
Outro fator importante nesse período foram os mecanismos de busca que ganharam importância, uma vez que ir até a loja não era possível. A presença nas redes sociais virou uma estratégia para elevar a impulsão de vendas online. Todas essas tecnologias têm se potencializado por meio de estratégias de Marketing Digital. Grandes marcas impactaram essa transformação.
De acordo com a plataforma Semrush, no segundo trimestre de 2020, os números do Mercado Livre tiveram um aumento de mais de 100% nas vendas de produtos em relação a 2019. Um total de 170 milhões de transações. A Amazon, aqui no Brasil, alcançou um volume de tráfego maior do que 100 milhões de visitas durante a pandemia e isso foi crucial para que os dados da América Latina tivessem um destaque maior em relação ao restante do mundo.
. Impactos por setor – Quando se fala em vestuário, claro que logo de cara vem a ideia de que o fechamento das lojas físicas causou prejuízos nas vendas. E isso é verdade. Mas acontece que, por causa disso, os empreendedores foram praticamente obrigados a encontrar outras formas de vender.
Assim, mesmo com os impactos, o setor registrou crescimento de 191%, ultrapassando a marca de US$ 14 bilhões em vendas de moda e acessórios, segundo um relatório da PayU. O delivery foi outro que teve um crescimento visível, principalmente nos momentos mais críticos da pandemia.
O que se viu foi um uso quase que diário dos aplicativos de comida, como iFood, Rappi e Uber Eats. A compra de alimentos em supermercados de forma on-line, de acordo com uma pesquisa da consultoria Kearney, também saltou de 43% para 61% na América Latina. Eletrodomésticos e eletroeletrônicos tiveram aumento na frequência de compras pela internet durante a pandemia.
. Analisar o consumidor é fundamental – Para conquistar o consumidor e fidelizá-lo à sua marca é importante ter um olhar atento sobre quem é esse cliente. Para isso, alguns passos são essenciais. Identifique o perfil ideal de cliente, planeje sua abordagem inicial, qualifique o seu consumidor, converta o usuário em cliente e se relacione com ele depois da venda.
. Como deve ser o pós-pandemia? – Uma verdade é quase unânime. A comodidade encontrada nas compras on-line já se consolidou, por isso os empreendedores vão ter que aprimorar cada vez mais suas ferramentas para continuar atendendo o consumidor dessa forma.
Agilidade, uma experiência digital cada vez mais personalizada, praticidade e ter as reais necessidades atendidas vai fazer total diferença.
(*) – É CO-CEO e Founder da CoreBiz (https://www.corebiz.ag/pt/).