Jorge Iglesias (*)
O mercado financeiro passa por uma revolução silenciosa graças ao Embedded Finance – ou “Finanças Embutidas”, em tradução livre. O Embedded Finance é um dos conceitos mais falados, principalmente devido ao seu impacto crescente e potencial de inovação.
Embora o conceito já seja familiar para muitos, o que estamos vendo, agora, é a materialização do banco do futuro, com grandes avanços que estão reformulando como as pessoas interagem com serviços financeiros em sua rotina. A ideia principal por trás das finanças embebidas é a integração fluida de produtos e serviços financeiros em plataformas não bancárias, oferecendo uma jornada financeira completamente integrada às atividades cotidianas dos consumidores.
Esse modelo destaca cada vez mais a importância da experiência do usuário, e é aqui que a inteligência artificial generativa tem um papel crucial, melhorando a experiência e ajustando as soluções financeiras de acordo com as necessidades individuais dos usuários. O Embedded Finance já está presente em diversos segmentos, demonstrando seu potencial de crescimento em múltiplas frentes.
No e-commerce, plataformas de comércio eletrônico oferecem opções de financiamento direto no checkout, permitindo que o consumidor adquira produtos de maior valor em parcelas, sem precisar buscar um empréstimo externo ou sair do site, o que torna o processo mais simples e conveniente.
Nos aplicativos de transporte, a integração de seguros de viagem e opções de pagamento, aliada à inteligência artificial, possibilita a personalização de ofertas de acordo com o comportamento do usuário e as condições da viagem. Já as imobiliárias virtuais estão começando a oferecer financiamentos para reformas e linhas de crédito diretamente em suas plataformas, facilitando a compra e manutenção de imóveis sem a necessidade de intermediários bancários.
No varejo, tanto lojas físicas quanto virtuais têm adotado carteiras digitais, que simplificam o processo de compra ao proporcionar pagamentos rápidos e seguros com apenas alguns toques. Esses exemplos práticos destacam como as finanças embebidas estão transformando setores inteiros, com imenso potencial de crescimento dos negócios.
Segundo relatório de 2023 da Future Market Insights, o mercado global de Embedded Finance deve ultrapassar os US$ 290 bilhões até 2033. Já um relatório de 2024 da McKinsey projeta que esse mercado pode dobrar de tamanho nos próximos três a cinco anos, impulsionado, principalmente, por três fatores: a IA generativa, o Open Finance e a crescente APIficação dos serviços financeiros.
Esses números mostram o potencial e o impacto que a tecnologia tem na expansão das finanças embebidas, com a IA desempenhando um papel central na personalização de ofertas e na melhoria da jornada do usuário.
Um bom exemplo de finanças embebidas é a Starbucks, considerada por muitos como o “banco que vende café”. A empresa já é a segunda maior wallet dos Estados Unidos, ficando atrás apenas do Apple Pay.
Atualmente, a Starbucks gerencia mais de US$ 1,5 bilhão em saldo de contas de seus clientes, com um fluxo financeiro significativo e eficiente.
A Starbucks ilustra claramente o conceito de Everything Commerce and Banking, no qual as fronteiras entre comércio e serviços financeiros estão se dissolvendo, proporcionando mais conveniência para os clientes, além de criar um novo paradigma para o futuro dos bancos.
A convergência de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, blockchain, computação quântica, pagamentos biométricos e finanças embebidas, está apenas no começo. Essas inovações são a ponta do iceberg do que ainda está por vir.
À medida que avançamos em direção ao banco do futuro, é essencial continuar investindo em inovação e adaptação às novas demandas e comportamentos da sociedade. As finanças embebidas não são apenas uma tendência, elas estão redefinindo a forma como os consumidores interagem com os serviços financeiros, promovendo experiências mais personalizadas, rápidas e seguras.
O Embedded Finance é mais que uma tendência passageira, representa uma oportunidade única para transformar o setor bancário e criar uma era de conveniência e integração, onde os serviços financeiros estão totalmente incorporados à vida cotidiana.
O futuro do banco está sendo moldado agora e, certamente, as organizações que investirem em tecnologias emergentes estarão à frente na construção desse novo cenário.
(*) – É CEO da Topaz (https://www.topazsystems.com/).