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Como internacionalizar os negócios para os Estados Unidos?

em Destaques
segunda-feira, 11 de março de 2024

O sonho de muitos brasileiros empreendedores é cruzar a fronteira do país para desbravar novos mercados lá fora – em especial nos Estados Unidos. De acordo com dados da agência norte-americana de incentivo a novos negócios (USAID), mais de 1,4 mil companhias e startups foram fundadas ou adquiridas por brasileiros no país desde 2016.

A lista de benefícios obtidos com esse passo é grande, entre eles ampliar a base de clientes, reduzir a dependência do mercado local, proteção às intempéries macroeconômicas que, de tempos em tempos, abalam o Brasil, obter maior valor agregado para a marca, acesso a novos fornecedores e matérias-primas, alcançar maior potencial de inovação, entre outros.

O empreendedor serial brasileiro André Duek viveu isso na pele. Ex-CEO do grupo Forum de Modas, decidiu embarcar em uma jornada empreendedora nos Estados Unidos após a venda da empresa para um grupo têxtil há mais de 15 anos. Escolheu Miami como opção e ali fundou várias empresas de segmentos distintos, incluindo o Duek Lara Group by ONE Sotheby’s International Realty, boutique imobiliária de luxo,a Duek Motorhomes e o 1BRZ Group que é’ uma plataforma de educação de negócios, entre outros negócios.

Autor do livro best seller Potência Empreendedora, Duek comenta que essa jornada não foi fácil, com o acúmulo de vários aprendizados ao longo do caminho. Mas hoje ele colhe os frutos e traz na obra diversos ensinamentos, dicas e recomendações para os empresários brasileiros que querem avançar a fronteira e abraçar uma nova fase nos negócios indo para o exterior. “É uma jornada cheia de altos e baixos, mas é preciso persistir e se planejar para acertar o alvo”, ressalta.

Por que uma empresa brasileira pode se dar bem nos Estados Unidos? – Na visão de André, os empreendedores brasileiros têm diversos pontos fortes que podem fazer com que as empresas se diferenciem no mercado americano. Entre eles estão o padrão superior de prestação de serviços, disposição genuína para ajudar o cliente, entrega acima das expectativas, cordialidade, empatia, iniciativa para solucionar problemas de atendimento, além de criatividade, curiosidade, comunicação e flexibilidade com horários. “Sabemos pedir feedbacks e melhoramos nossas soluções”, enfatiza.

Ele conta que já concedeu descontos para clientes em momentos de calamidade em Miami, como as passagens de furacões, e ainda indicou pessoas para ajudar a arrumar o telhado de quem estava precisando. “Isso é um fato poderoso de encantamento e fidelização. Os norte-americanos sentem uma gratidão enorme por quem os ajuda quando mais precisam”, ressalta.

Duek destaca que o brasileiro sabe fazer as coisas de um jeito caloroso e diferente. “Conheço um empreendedor que prosperou em Miami ao oferecer o serviço de lava-rápido ao estilo brasileiro, com funcionários limpando os veículos em vez de máquinas. Mesmo custando mais caro que o sistema à moda norte-americana, com tudo automatizado, ele e sua equipe lavavam 150 carros por dia. A experiência dos clientes é ótima, pois oferecem atendimento e serviço impecáveis para os quais praticamente inexiste concorrência. Um sucesso!”, relata.

O processo de internacionalização não é fácil e requer atenção. André listou alguns dos principais erros cometidos nesse processo, como a falta de adaptação do negócio à realidade local, equipe composta somente por colaboradores locais, aposta em uma superestrutura no início da atividade, adoção de um marketing sofisticado, não ter um sócio operador e descuido com as licenças de trabalho.

André comenta sobre a importância de levar a palavra “adaptação” ao pé da letra. “Faça as suas pesquisas e adapte o que for preciso. Por isso, é tão importante testar o mercado, colher feedbacks dos clientes e ajustar o que for necessário até arredondar o produto e o serviço. Estou falando em adaptação, e não reinvenção”. Diferentemente do Brasil, criar uma empresa com uma grande infraestrutura de pessoas e espaço pode prejudicar o sucesso da empresa no país.

“Nos Estados Unidos, os empreendedores atuam com um número menor de pessoas e trabalham o espaço físico com uma visão diferente, com aproveitamento máximo do ponto de venda em si. Ações como essa mantêm os custos controlados. No Brasil, a realidade é diferente, por conta da mão de obra ser mais barata e dos preços mais acessíveis dos aluguéis”, aponta André.

Nos Estados Unidos, o básico bem-feito já é suficiente, sem espaço para a adoção de um marketing mais incrementado. “Não faça a impressão de sua papelaria no papel mais caro à disposição no mercado. Se vai organizar um coquetel para clientes e outros parceiros, não é necessário ter 50 itens no cardápio para receber 20 pessoas”, exemplifica. Outro ponto que pode ser uma armadilha é a falta de cuidado com as licenças necessárias de trabalho.

“Não existe função genérica nos EUA, mas, sim, é necessário ter autorização para exercer cada atividade específica. Você será denunciado pelos concorrentes locais e seus prejuízos serão imensos. Por exemplo, um corretor de imóveis não pode dar orientações de investimento para seus clientes. Um profissional especializado no tema será responsável por isso. Os riscos não valem a pena. O ideal é trabalhar em parceria com eles”, reforça.

Antes de preparar as malas é preciso ficar atento a alguns passos importantes, segundo Duek. Veja quais:

  • Escolha o visto migratório conforme seus objetivos – Ter visto de trabalho e de negócios são duas coisas bem distintas e muitos empreendedores as confundem. Agora, se você decidir morar e colocar a mão na massa diretamente, vai precisar de um visto de trabalho. Recomendo que você contrate uma consultoria especializada em vistos imigratórios para te orientar sobre as características de cada um e o passo a passo para obtê-los.
  • Siga a regra dos dez – Não inicie uma operação no exterior sem ter ido ao país, no mínimo, dez vezes, sem ter feito dez reuniões com possíveis clientes e parceiros de negócios e participado de dez eventos locais de negócios de seu setor. Com menos conhecimento do que isso, fica difícil obter um entendimento do mercado americano.
  • Primeiro teste o mercado – Antes de sair investindo na montagem de uma estrutura para produzir e vender nos EUA, é preciso testar o mercado local aplicando pouco capital. O melhor caminho para avaliar o apelo de seus produtos e serviços é associar-se a uma empresa local que já tenha uma estrutura comercial funcionando a todo vapor e que pode atuar como distribuidor.

Só encare um novo passo assim que o mercado for validado, com seus produtos bem aceitos. – Fonte e mais informações: (https://andreduek.com\).