A inovação desempenha um papel fundamental em uma organização competitiva em todos os setores. Infelizmente, algumas gigantes do mercado não conseguiram acompanhar esse movimento e acabaram ficando para trás.
Antes de tudo, é importante compreender que tecnologia e inovação são termos presentes no nosso dia a dia. Aquelas empresas que negligenciaram ou negligenciam o avanço acabam ficando obsoletas e podem até mesmo enfrentar o encerramento das suas operações.
Quem viveu nos anos 90, com certeza se lembra de ir até a BlockBuster para alugar filmes às sextas-feiras. A empresa era uma gigante no ramo de aluguel de filmes e videogames, mas acabou falindo.
Com o advento das plataformas de streaming online, as pessoas deixaram de alugar filmes e passaram a assistir sob demanda. Além disso, a BlockBuster teve a chance de adquirir a Netflix em 2000, mas optou por não fazê-lo, acreditando que poderia ser a principal varejista. Essa escolha se mostrou equivocada. Em 2010, a companhia entrou em insolvência e, em 2013, acabou fechando as portas também.
Mas, afinal, como montar um time inovador?
Dentre as perguntas mais comuns que os gerentes me fazem é: “Como podemos encontrar pessoas mais inovadoras?” Eu sei o tipo de pessoa que eles têm em mente quando perguntam isso: alguém enérgico e dinâmico, cheio de ideias e capaz de apresentá-las com propriedade.
No entanto, descobri que a maioria dos grandes inovadores era completamente diferente desse estereótipo. Na verdade, quase todos eles eram gentis, generosos e interessados no que estavam fazendo.
Então, a resposta mais simples é que você precisa começar capacitando as pessoas que já estão na sua organização. Mas para fazer isso, você precisa assumir a responsabilidade por criar um ambiente no qual suas pessoas possam prosperar. Isso não é uma tarefa simples, mas complexa. No entanto, seguindo alguns princípios, você pode fazer uma grande diferença.
O primeiro princípio é: contrate com foco na missão. O maior equívoco sobre inovação é dizer que se relaciona a ideias. Não é. Trata-se de resolver problemas. Portanto, o primeiro passo para construir uma equipe inovadora é contratar pessoas interessadas nos problemas que você precisa resolver. Se houver um compromisso real com uma missão compartilhada, as ideias surgirão.
O segundo é: promova a segurança psicológica. Segundo a professora de Harvard, Amy Edmondson, que documentou a importância da segurança psicológica em uma ampla variedade de contextos, desde equipes de hospital até fabricantes de móveis de escritório. Ela descobriu que isso não apenas promove um melhor ambiente, mas também aumenta a capacidade de aprendizado e reduz a tendência a seguir caminhos sem saída.
Outro estudo realizado por pesquisadores do MIT e da Carnegie Mellon constatou que equipes em que as pessoas falam em quantidades aproximadamente iguais têm um desempenho muito melhor do que aquelas em que uma ou duas pessoas dominam a conversa. Portanto, aqueles tipos de Steve Jobs voláteis que estão constantemente emitindo idéias, impedindo que ninguém mais consiga falar, podem, na verdade, estar inibindo a inovação dos demais
Crie diversidade: muitos gerentes contratam com um “tipo” específico em mente, geralmente pessoas que se parecem mais com eles mesmos. Isso pode ser ótimo para criar camaradagem e conforto, mas não é o melhor ambiente para resolver problemas. Na verdade, diversos estudos mostraram que equipes diversas são mais inteligentes, mais criativas e examinam os fatos de forma mais minuciosa.
O problema é que, quando você limita os antecedentes, experiências e perspectivas das pessoas em sua equipe, você está limitando o número de espaços de solução que podem ser explorados. Na melhor das hipóteses, você terá menos ideias, e na pior das hipóteses, corre o risco de criar uma câmara de eco onde preconceitos inerentes são normalizados e reforçados.
Por último, valorize o trabalho em equipe. A verdade é que você não precisa das melhores pessoas – você precisa das melhores equipes. Os problemas que enfrentamos hoje são muito complexos para serem resolvidos por um gênio solitário trabalhando isoladamente. É por isso que os melhores inovadores tendem a ser intermediários do conhecimento, que se inserem em redes para acessar aquela peça esquiva de perspicácia que pode resolver um problema difícil.
Portanto, a última coisa que você deseja é a típica personalidade “inovadora” que despeja um milhão de ideias e quebra tudo ao redor. O que você realmente quer são pessoas que possam colaborar, ouvir e construir redes sólidas. O lado bom é que você já tem essas pessoas na sua empresa. Não permita que elas sejam abafadas.
João Roncati, CEO da People+Strategy, consultoria especializada em Estratégia, Planejamento e Recursos Humanos.