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Cinco tendências em negócios para 2022

em Destaques
segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Thais Cordero (*)

As turbulentas tempestades provocadas pela pandemia estão, finalmente, dando pequenos sinais de melhora. Contudo, o cenário que se desenha não parece dos mais promissores. Para os negócios que sobreviveram a esse período conturbado, é hora de reorganizar e planejar as ações para o próximo ano.

No Brasil, a perspectiva é de juros mais altos, somado a uma crise hídrica e às incertezas típicas de um ano eleitoral. No mundo, já se considera um panorama de estagflação, onde a atividade econômica se encontra estagnada em meio a uma alta inflação.

Diante de tantas incertezas, algumas medidas devem ser tomadas a fim de conter a crise e alavancar a retomada econômica. Por isso, listo aqui cinco tendências de negócios que devem se acentuar em 2022.

1 – Exportação – As exportações brasileiras registraram recordes no período da pandemia. Entre janeiro e julho desse ano, foi registrado um aumento de 35,3% em relação ao mesmo período de 2020 – o equivalente a US$ 161,42 bilhões, segundo dados do Governo Federal. O destaque é, sem dúvidas, para o agronegócio, cujo PIB também apresentou seu maior crescimento histórico, de 24,31% em 2020, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O setor foi especialmente favorecido pela desvalorização do Real – especialmente se tratando da soja e o minério de ferro. Com o Dólar em alta, a tendência é que mais empresas intensifiquem suas operações internacionais em 2022.

2 – Internacionalização – Nos últimos oito anos, o nível de internacionalização das empresas brasileiras saltou de 12,9% para 21,6%, de acordo com um estudo publicado pela Fundação Dom Cabral. O aumento deixa claro a quantidade de portas abertas para os empreendedores constituírem suas empresas ao redor do mundo – novamente favorecidos pela cotação das moedas estrangeiras e menor tributação em determinados países.

A Lei nº 14.195, que tem como objetivo a desburocratização do ambiente de negócios no Brasil, deve reduzir a insegurança jurídica tanto das empresas estrangeiras que querem atuar no Brasil quando das brasileiras que eram se internacionalizar.

3 – Fusões e aquisições – Com foco em garantir sua sobrevivência, minimizando os impactos econômicos sentidos nesse último ano, as operações de fusões e aquisições vêm batendo recordes tanto em âmbito nacional quanto internacional. Só no primeiro trimestre deste ano, essas operações atingiram US$ 1,1 trilhão, um recorde desde 1998, segundo dados da Bloomberg.

Para 2022, a tendência é que cada vez mais companhias busquem essa estratégia como forma de unir forças, melhorar a eficiência e garantir a continuidade dos negócios.

4 – Reestruturação societária – Passado o período mais turbulento da pandemia, muitas empresas devem fazer uma análise mais profunda de seu quadro societário. Afinal, a reorganização interna é uma das principais chaves para que as empresas consigam sair da crise.

Esse processo é uma consequência das mudanças estruturais que aconteceram ao longo do período dentro das companhias, como também em decorrência das próprias operações de fusões e aquisições. O objetivo é proteger os direitos dos acionistas ou sócios, aumentando a eficiência e competitividade das empresas.

5 – Planejamento sucessório – Nunca sentimos tanto a vulnerabilidade da vida como neste período de pandemia. Foram mais de 600 mil óbitos causados pela Covid-19 apenas no Brasil – perdas que impactaram muitas empresas. Nesse contexto, a busca por um planejamento sucessório tem sido grande. Segundo o IBGE, a procura por esse tipo de documentação aumentou em mais de 50% em 2020.

Como mais de 90% das empresas brasileiras são familiares, pensar a sucessão é fundamental para garantir a perpetuidade do negócio. Dados mostram que mais de 70% das empresas não chegam aos filhos e apenas 5% chegam à geração dos netos de seu fundador. Ter uma visão de longo prazo é fundamental.

O ano de 2022 deve ser desafiador, com uma projeção tímida no PIB, de crescimento previsto de apenas 1,57%. Contudo, é hora de as empresas olharem mais para dentro. É preciso estar com tudo em ordem e sempre atento aos negócios. Afinal, toda crise sempre reserva boas oportunidades. Estar preparado para aproveitá-las é o que faz a diferença.

(*) -É advogada e Líder da área societária do escritório Marcos Martins Advogados (www.marcosmartins.adv.br).