A saúde, inclusive mental, era pouco discutida nas empresas antes da pandemia. Este tema era até um tabu em algumas organizações mais conservadoras. Porém, por conta do isolamento social o assunto ficou mais presente na sociedade: um estudo publicado na revista The Lancet revela que casos de ansiedade e estresse cresceram mais que o dobro, durante a pandemia, enquanto os de depressão tiveram aumento de 90%.
Toda a carga de trabalho, seguido da sensação de incerteza diante do vírus, além da instabilidade e garantia de emprego, trazem angústia para muitas pessoas da equipe. E a situação é ainda mais exaustiva para as mães que contam com até três jornadas diariamente: trabalho, casa e cuidar dos filhos que estão sem ir à escola – presos em casa. De acordo com a pesquisa realizada pela startup de jornalismo de dados Gênero e Número, em parceria com a Sempreviva Organização Feminista, 41% das mulheres afirmam estar trabalhando mais durante a quarentena.
Diante do aumento dos casos de problemas de saúde mental na população, muitos agravados por conta da pandemia, algumas corporações começaram a propor diversas atividades como formas de apoio. A partir disso, a especialista em inteligência de negócios e fundadora da Wish International, Natasha de Caiado Castro, conta que com base na análise de comunicação para criar os novos processos de incentivo e marketing, as necessidades primordiais dos seres humanos mudaram e por isso, as empresas devem ficar atentas ao novo mindset dos colaboradores.
“Antes da pandemia, tanto o engajamento quanto objetivos das equipes internas estavam alinhados com os das organizações e havia sinergia. Entretanto, as incertezas que envolvem desde estabilidade no trabalho até segurança na própria saúde e da família, aliadas ainda à solidão provocada pelo isolamento fizeram com que as pessoas se questionem a respeito dos propósitos, tanto individuais quanto dos grupos aos que pertencem, sendo os do trabalho, em alguns casos, colocados em xeque”, conta a especialista.
A profissional explica também que, por conta da pandemia, a escala de hierarquia que envolve as necessidades primordiais das pessoas conceituada pela chamada pirâmide de Maslow, mudou. “As escalas são classificadas em três no total: os anseios básicos, que incluem sobrevivência, psicológicos e de auto-estima. Com isso, hoje, todos buscam preencher os desejos básicos de sobrevivência, já que a maior meta atualmente é viver em segurança longe do vírus, além de estar fisiologicamente bem.
Nesse contexto, os líderes e gestores precisam trazer o funcionário para perto da companhia e demonstrar que as pessoas não estão sozinhas nesse período de pandemia e isolamento social. É preciso evidenciar empatia e adequar uma comunicação horizontal entre todos da empresa. Entretanto, muitas corporações não têm ideia sobre como implementar ações para os seus profissionais. Por isso, a especialista indica cinco estratégias de experiência virtual que ajudam a melhorar a qualidade de vida do colaborador e que já foram implementadas por ela em seu roll de clientes. Confira:
. Experiências Híbridas – Apesar do home-office distanciar as pessoas fisicamente, é possível proporcionar atividades que promovem a socialização entre os colegas e toda a equipe que vão além da – agora já batida – reunião virtual para simplesmente bater papo. Empresas podem reunir toda a equipe remotamente, enviar à residência de cada colaborador objetivos para que realizem atividades inovadoras, e permitem maior socialização com todos os colegas.
A digitalização permite que possamos desenvolver atividades para consolidação de equipes em ambientes virtuais. Um dos exemplos é encaminhar instrumentos musicais e montar uma banda com música ao vivo online. “Uma das dicas é enviar instrumentos de escola de samba como pandeiros, surdos e tambores para cada um da equipe com o objetivo de formar uma roda de samba virtual. O estilo musical vai depender de cada organização”, conta a especialista.
. Experiências Virtuais – Os shows presenciais não estão acontecendo, no entanto, apresentações musicais, talk shows ou stand-ups podem ser realizados remotamente. “Eventos corporativos de entretenimento são importantes, já que proporcionam ambiente de descontração, integração, engajamento e maior criatividade de toda a equipe”, diz.
Ela analisa que a companhia pode contratar artistas para realizar apresentações ao vivo para a corporação. “O objetivo é promover um ambiente divertido com exclusividade, já que o artista consegue conversar diretamente com a equipe, através do chat.
. Gamification – A criação de um jogo virtual interativo, em que os colaboradores tornam-se avatares dentro de um ambiente virtual é divertido e gera maior humanização dentro da empresa. “O jogo promove a personificação de cada pessoa, o que traz mais empatia e reconhecimento do outro, características essenciais neste tempo de isolamento social”, conta a profissional.
O local virtual pode ser o próprio escritório, que leva à formalidade ou outros ambientes como espaços de festas, que promovem descontração e socialização com pessoas diferentes. A experiência do jogo expande a comunicação para outros departamentos, já que é provável conhecer pessoas novas, o que otimiza o networking dentro da própria companhia.
. Engage for good – A expressão traduzida para o português ‘Engajamento para algo bom’ significa que a empresa deve reunir os colaboradores – alguns podendo estar afastados emocionalmente – e levar todos para uma única direção que envolve benfeitorias para a sociedade. “A missão escolhida deve impactar o coração da equipe, que inclui pessoas que podem estar com medo e inseguras devido à pandemia. Isso faz com que o time fique engajado e, assim, encontre um objetivo em comum, já que estará ajudando a sociedade a atravessar este período difícil”, explica a especialista.
. Democratização dos canais – O ideal é que a comunicação dentro a empresa seja feita de forma horizontal, apontando que indivíduos de diferentes cargos possuem o mesmo nível de importância dentro da empresa. O mesmo para outros públicos como clientes, acionistas e também parceiros que acabaram se distanciando por conta do isolamento. Por isso, apesar da pandemia, é possível expandir os canais de comunicação entre os gestores e líderes e seus colaboradores.
“A ideia é realizar encontros de network através de cafés virtuais entre estagiários, gestores e CEOs para discutir sobre perspectivas e anseios do próximo ano. Isso faz com que diferentes departamentos tenham integração e, desta forma, todos sintam-se inseridos e com voz ativa na organização”, esclarece. Tais experiências proporcionam – de forma criativa – comunicação, conexão entre os colegas e mostra que os líderes valorizam toda a equipe: o que leva à maior satisfação e produtividade.
Manter o engajamento dos colaboradores é necessário não só em tempos de pandemia, mas regularmente nas corporações. Para finalizar, a especialista adverte que as companhias só podem crescer e desenvolver a partir de pessoas: “Estas são o bem mais precioso. Por isso é tão importante mantê-las por perto, motivadas e com qualidade de vida”, diz. – Fonte e mais informações: (http://wish.international/pt/).