O Brasil registrou 3,6 milhões de empresas abertas nos primeiros dez meses de 2024, de acordo com o Mapa de Empresas. Somente em outubro, foram criados 383.169 novos negócios, sendo 118,5 mil apenas no estado de São Paulo.
Esses números já se aproximam do total de empresas abertas em 2023, que foi de 3.868.687. A facilidade de abrir um CNPJ, com tempo médio inferior a 24 horas, impulsiona o empreendedorismo no país. No entanto, ser empresário exige planejamento, responsabilidade e cuidado, especialmente ao formar uma sociedade.
Segundo a advogada Beatriz Betiol Ramos, do escritório Granito Boneli Advogados, a escolha de um sócio é uma das decisões mais críticas para o sucesso de um negócio. “Uma sociedade é como um casamento. É essencial conhecer o futuro sócio, entender seus valores e alinhar expectativas antes de formalizar a parceria. Por isso, recomendamos uma fase de ‘namoro’, para que as partes amadureçam a relação antes de firmarem o contrato”, explica.
A falta de alinhamento entre os sócios é um dos principais motivos que levam as empresas ao fracasso. Para ajudar novos empreendedores a evitar esses erros, Beatriz elenca cinco pontos de atenção ao escolher um sócio:
- Falta de alinhamento de valores e expectativas – Não verificar se os sócios compartilham os mesmos valores e a visão de longo prazo é um erro comum. Sócios com competências complementares, mas objetivos conflitantes, podem gerar problemas.
Por exemplo, um sócio focado em crescimento rápido pode discordar de outro que priorize estabilidade. Esse desalinhamento pode travar decisões importantes e prejudicar o desempenho da empresa.
- Escolher com base apenas em amizade ou laços familiares – Abrir um negócio com amigos ou familiares parece natural, mas pode complicar o ambiente profissional. Laços emocionais podem interferir em decisões racionais, tornando-se difíceis de discussão essencial. Além disso, há relutância em cobrar responsabilidades ou questionar ações pode prejudicar o andamento da empresa.
- Não avaliar competências técnicas do sócio – Um sócio deve trazer conhecimentos técnicos ou habilidades que agreguem valor à empresa. Ignorar essa análise pode sobrecarregar o negócio, especialmente em setores competitivos.
É essencial que a divisão das responsabilidades seja definida de forma clara e fundamentada de acordo com as competências efetivas de cada sócio, caso contrário, poderá comprometer a estrutura da operação e impactar negativamente o desempenho da empresa.
- Não formalizar um acordo societário – A ausência de um contrato social robusto ou de um acordo de sócios é um dos maiores riscos para uma sociedade. Esses documentos são essenciais para definir responsabilidades, divisão de lucros, direitos de decisão e cláusulas de saída. Sem formalização, as empresas ficam vulneráveis a conflitos internos e disputas judiciais, especialmente em momentos de crise.
- Não formalizar o acordo societário – Um aspecto altamente controverso e arriscado é a formação de uma sociedade sem um acordo formal bem estruturado. Muitos empresários, impulsionados pela empolgação de um novo projeto ou pela confiança no sócio, acabam deixando de lado a importância de um contrato social sólido.
Esse documento é fundamental para estabelecer as responsabilidades de cada sócio, a divisão de lucros, os direitos de decisão e as cláusulas de saída, protegendo tanto a empresa quanto os sócios envolvidos. Sem essa formalização, as empresas ficam suscetíveis a conflitos internos e disputas judiciais, especialmente em momentos de crise.
- Desconsiderar a compatibilidade pessoal – Embora seja impreterível levar em consideração as habilidades técnicas no momento de se escolher um sócio, é necessário verificar se existe compatibilidade e espaço para um diálogo construtivo. Isso porque, sócios que não conseguem trabalhar juntos no dia a dia, seja por diferenças de temperamento ou estilo de trabalho, podem ser protagonistas de conflitos constantes
Escolher um sócio é uma decisão estratégica que exige análise cuidadosa. Evitar esses erros pode ser determinante para o sucesso e a longevidade de um negócio. – Fonte: (https://granitoboneli.com.br/).