Após depoimento ao juiz Sérgio Moro, que durou cerca de 20 minutos, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo disse que a prática de caixa 2 em campanhas eleitorais “é histórica e recorrente, fruto de um sistema político anacrônico”, e acrescentou que a prática não está associada a ato de corrupção ou lavagem de dinheiro.
Também foi ouvido, por videoconferência, no Fórum Criminal de São Paulo, o empresário Emílio Odebrecht, dono do grupo Odebrecht e pai do ex-presidente do grupo Marcelo Odebrecht – condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por participação no esquema investigado pela Operação Lava Jato. Trata-se do primeiro depoimento do empresário ao juiz Sérgio Moro.
Ao deixar o fórum, José Eduardo Cardozo disse que, apesar de ilegal, a prática de caixa dois “nem sempre agasalha a corrupção”. O ex-ministro disse que a empresa doa o dinheiro e o beneficiário processa como caixa dois, muitas vezes sem saber a origem dos recursos. Ele relatou ter respondido a perguntas do advogado de defesa de Palocci e também feito esclarecimentos solicitados pelo juiz Moro.
O advogado José Roberto Batochio, que defende o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Antonio Palocci, saiu satisfeito da audiência. “Nada se provou que incriminasse o Palocci”, disse o advogado, apesar de citar que um ou dois depoentes teriam declarado já ter ouvido “dizer que era o Palocci, o italiano”. Entre os depoimentos que Batochio considerou favorável a seu cliente, destacou o do empresário Emílio Odebrecht: “ele foi muito claro em dizer que jamais ouviu dizer que o italiano fosse o Palocci” (ABr).