16 views 6 mins

Burnout: dificuldade em diagnóstico é desafio para identificação e tratamento da síndrome

em Destaques
sexta-feira, 19 de julho de 2024

Neste momento, cerca de 20% dos profissionais brasileiros apresentam exaustão física, mental e emocional resultante de um estresse prolongado e intenso. Esses são sintomas do Burnout, uma síndrome que acomete aproximadamente 1 em cada 5 pessoas que estão no mercado de trabalho, de acordo com pesquisa conduzida pela Gattaz Health (GHR) com mais de 100 mil profissionais de grandes empresas.

O psiquiatra e Chairman da GHR, Dr. Wagner Gattaz aponta ser positivo o crescente interesse público no tema Burnout. Contudo, ele observa que ainda ocorrem equívocos em sua conceituação. Comumente confundido como uma doença, o Burnout foi incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID-XI)i como um ‘Fenômeno Ocupacional’, no capítulo que trata do uso de serviços de saúde.

“O Burnout não é classificado como uma doença ou condição de saúde, mas sim como uma síndrome que ocorre no ambiente de trabalho. Na mesma categoria dele estão a pobreza e o sedentarismo”, comenta o médico psiquiatra e CEO da Gattaz Health.

Os especialistas explicam que o termo síndrome corresponde a um conjunto de sinais e sintomas observáveis em vários processos patológicos diferentes e sem uma causa específica. Diferentemente de uma doença que, geralmente, tem um agente etiológico conhecido, sintomas mais ou menos comuns e terapêutica definida.

Historicamente, o Burnout foi descrito como uma fraqueza dos nervos, a neurastenia. A menção à palavra data de 1881 e era descrita como uma consequência do progresso civilizatório – apontando como causas o aumento da velocidade de deslocamento; de produção e obsolescência do conhecimento; do volume exacerbado de informações; e da impossibilidade de se desligar do trabalho.

Tais sintomas possuem paralelos com o momento contemporâneo, contudo a evolução científica sobre o tema depurou os aspectos de origem e manifestação da síndrome. Segundo o psiquiatra, o Burnout ocorre em três dimensões:

. esgotamento emocional (falta de energia, cansaço);
. despersonalização (atitudes negativas em relação às pessoas, descaso pelas relações sociais;
. distanciamento das pessoas, descrença em valores positivos das pessoas como honestidade e integridade);
. insatisfação pessoal consigo mesmo e com o trabalho (autoavaliação negativa de produtividade, sentimento de incompetência e de incapacidade para interagir com outras pessoas).

Isso além de outros sintomas como dor de cabeça frequente, alterações no apetite, insônia, alterações repentinas de humor, fadiga, hipertensão, dores musculares etc. Na corporação, o Burnout pode ser evidenciado por diminuição do desempenho no trabalho, aumento da irritabilidade, desconexão emocional e exaustão aparente.

“Tais sintomas se aplicam a uma variada gama de transtornos mentais, desde depressão leve; transtornos de ansiedade; transtorno de adaptação ou transtorno de ajustamento. Eu chamo a atenção para este diagnóstico diferencial, pois traz características muito semelhantes ao Burnout. Contudo, os sintomas se aplicam a qualquer área da vida do indivíduo, inclusive o trabalho, enquanto o Burnout se refere a estressores presentes apenas no trabalho”, salienta Dr. Gattaz.

O risco do Burnout surge da interação de fatores individuais com elementos do ambiente de trabalho. Comportamentos como perfeccionismo, ser uma pessoa excessivamente ambiciosa e que ter dificuldade em delegar tarefas, podem indicar indivíduos mais suscetíveis a desenvolver essa condição.

Na esfera laboral, os fatores de risco psicossociais são marcados por comunicação deficiente, instruções conflitantes e falta de feedback positivo; baixa autonomia; caraterísticas das demandas, como excessivo volume de trabalho, responsabilidade crescente e pressão de tempo; e baixo suporte social, manifestado por distanciamento afetivo de superiores hierárquicos e colegas de trabalho.

A desordem emocional em questão não apenas afeta os indivíduos, mas também tem um impacto significativo nas organizações. Além do custo financeiro associado ao aumento do presenteísmo, absenteísmo e à rotatividade de funcionários, o Burnout pode afetar o clima organizacional, prejudicar a produtividade e afetar a reputação da empresa.

O mapeamento recorrente da qualidade da saúde mental pode ser um instrumento de identificação e mensuração do impacto do Burnout numa corporação. Os tratamentos podem ocorrer por meio de medicamentos, psicoterapia, tratamento clínico, orientação familiar e medicina do estilo de vida.

Fonte: (https://gattazhr.com).