Pedro Kauffman (*)
A competitividade e a exigência fazem cada vez mais parte do cenário do mercado de trabalho. Em meio a esse clima desafiador, as organizações vêm percebendo a importância de oferecer benefícios aos seus colaboradores como contraponto ao aumento das demandas do trabalho. O mundo corporativo cada vez mais busca atingir, de forma criativa, o ponto certo das decisões empresariais.
Os resultados das pesquisas feitas pela Employee Benefits Study, em 2019 e 2020, apontam que 55% dos colaboradores são atraídos por benefícios na hora de escolher uma empresa, e que 69% deles dizem ter mais lealdade com os empregadores por conta da gama de benefícios. A tendência continua em alta e apontam que este é o caminho a se trilhar em 2023.
Já a Universidade da Califórnia observou na pesquisa realizada em 2019, que um empregado feliz é 31% mais produtivo, três vezes mais criativo e vende 37% a mais comparado aos outros profissionais que não se sentem felizes e motivados. Este movimento tem atraído cada vez mais startups que se destacam ao oferecer benefícios ou produtos B2B. A pandemia acentuou a necessidade de produtos mais atrativos, on demand e até pensados para o home office.
Nos deparamos com novidades até nos benefícios antigos, que já eram tidos como obrigatórios. Como, por exemplo, a licença paternidade, que a lei nº 13.257/2016 prevê apenas cinco dias, mas que pode chegar a até 12 meses de dispensa em certas empresas, tanto para a mãe quanto para o pai.
Outro exemplo que vem brilhando os olhos dos candidatos e colaboradores, são os convênios com estabelecimentos próximos ao local de trabalho, seja do escritório ou do home office, os chamados Clubes de Benefícios. Uma espécie de Marketplace, onde o funcionário tem descontos em uma infinidade de estabelecimentos, seja para o lazer, saúde, turismo ou alimentação, por exemplo.
Como o uso recorrente deste benefício, o reflexo vem ao fim do mês, com a potencialização do salário. Nos próximos meses, veremos ainda muita novidade impulsionada pelas novas regras do decreto 10.854 no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), na qual, entre outras coisas, diz que, ao contratar um fornecedor de benefício, a empresa não poderá receber descontos no valor contratado.
Com isto, a empresa deverá disponibilizar programas de atenção à saúde, com a liberação do cartão para usar o benefício em qualquer estabelecimento. O que deve resultar em uma maior variedade de vantagens ao colaborador e ampliará o leque de serviços e empresas com a coerência.
Ainda neste campo, não podemos esquecer dos benefícios de saúde física, mental e bem-estar que têm conquistado cada vez mais a atenção dos departamentos de Recursos Humanos. Comprovadamente a vantagem aumenta o desempenho, o engajamento, diminui o custo com absenteísmo com o plano de saúde, e ainda auxiliam muito na retenção de talentos.
Estudos indicam que ficar sentado muitas horas sem uma prática de atividade física recorrente, pode ser pior do que fumar cigarro. Pesquisas ainda apontam que se pode reduzir chances de câncer, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e dores nas costas, com uma simples mudança de estilo de vida: reduzindo o tempo que você passa sentado e praticando atividade física.
O mercado de produtos wellness começou a investir em produtos para B2B para entregar aos gestores das empresas, serviços e conteúdos que gerem oportunidade de praticar atividade física, onde quer que eles estejam. Os treinos on-line são mais democráticos e atingem um maior número de pessoas que as academias tradicionais.
Porém, quando paramos para analisar os usuários usufruindo das mais de 30 milhões de academias registradas no país, nos deparamos com um número alarmante, apenas 9 milhões de brasileiros, o que representam 4,6% da nossa população, usufruem dos serviços de academia, segundo dados, publicados em 2019, pela IHRSA -uma comunidade global de profissionais de saúde e fitness comprometidos em construir seus negócios e melhorar a saúde e o bem-estar de suas comunidades.
O sedentarismo no país já alcança 40,3% da população estimada em 212,577 milhões de habitantes, segundo o IBGE. Por essas questões, tem-se falado muito sobre salário sob demanda, uma modalidade que vem ganhando força no mercado e visa agregar a flexibilidade para que os colaboradores recebam na data de sua preferência, sem precisar esperar um dia certo para o salário cair na conta. Algo que pode aliviar muitos dos problemas financeiros.
Muitas empresas, especialmente as pequenas e médias, não conseguem oferecer benefícios de qualidade aos colaboradores. Infelizmente, não proporcionam experiências que normalmente o profissional não teria se não fossem disponibilizadas pela instituição na qual trabalham. Estar alerta ao bem-estar do colaborador impacta positivamente no ambiente de trabalho e evidencia a motivação aliada ao propósito e ainda contribui para que o colaborador se sinta parte da organização.
A boa notícia é que com a reestruturação periódica dos benefícios, impulsiona o mercado a estar em constante transformação. É mais que urgente que as necessidades e vontades dos colaboradores sejam ouvidas, para mantê-los satisfeitos. A empresa pode criar um programa de benefícios que seja revisado periodicamente e assim, o pacote pode ser ajustado e validado com os colaboradores.
Oferecer benefícios que estejam alinhados com os valores e propósito de vida das pessoas, estreitam a relação entre a empresa e o colaborador e tornam a empresa mais atrativa para o mercado. Investir em pessoas e manter os seus profissionais motivados, gera a redução das taxas de turnover e aumenta a felicidade e a produtividade no trabalho.
(*) – Rabino da Sinagoga Ahavat Reim, no bairro Bom Retiro, em São Paulo, é fundador e CEO da Healthtech Fit Anywhere (https://www.fitanyw.com.br/).