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BC ‘não está contente’ com juros e spread

em Destaques
quinta-feira, 28 de março de 2019

O Banco Central (BC) não está contente com o nível das taxas de juros no país, afirmou o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, na apresentação do Relatório de Inflação, divulgado ontem (28).

Disse que o spread [diferença entre taxa de captação do dinheiro pelos bancos e a cobrada dos clientes] é alto, principalmente devido à inadimplência. E que, na composição do spread, 35% são de inadimplência; 25%, custo operacional; 25%, custo financeiro; e 15%, lucro.
“Temos que fazer um trabalho enorme na parte de recuperação”, disse Campos Neto, ao acrescentar que estão sendo criados mecanismos para melhorar a garantia dos empréstimos, destacando que a instituição tem trabalhado para reduzir os compulsórios, considerados ainda altos. “Não estamos contentes com o nível [de spread] que temos hoje”, disse.
Campos Neto, que comandou neste mês sua primeira reunião do Copom, disse que não quis modificar a forma como o BC vinha tomando suas decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic. Acrescentou que a única mudança foi comunicar que o balanço de riscos para a inflação deixou de ser assimétrico e passou a ser simétrico. Para o comitê, o nível de ociosidade da economia pode levar a inflação a ficar abaixo do esperado.
Por outro lado, uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes na economia brasileira pode afetar prêmios de risco (retorno adicional cobrado por investidores para aceitar correr maior grau de risco) e elevar a trajetória da inflação. Sobre a piora do cenário político, Campos Neto disse que é importante o Copom abstrair-se de “ruído de curto prazo”. “Tentamos fazer uma análise de mais médio e longo prazo”, ressaltou. Disse ainda que trabalha com a perspectiva de aprovação da reforma da Previdência e que importa um mercado com a expectativa de que a reforma será aprovada para que a economia cresça e a inflação fique baixa (ABr).