O ministro aposentado do STF, Carlos Ayres Britto, defendeu ontem (13) a Operação Lava Jato e disse que a ação é irreversível.
“O Brasil, a partir da Ação Penal 470 [o mensalão], deu um tranco na cultura da impunidade de pessoas postadas nos andares de cima da sociedade, e a Lava Jato segue nessa direção”, disse ele, ao receber o Prêmio FGV de Direitos Humanos, na sede da FGV. “Inflexão histórica de que a Ação Penal 470 [o mensalão] é verdadeiramente representativa, sequenciada pela igualmente necessária e emblematicamente irreversível Operação Lava Jato”, afirmou.
Ao ser questionado sobre a indicação do então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para o cargo de ministro do Supremo, Ayres Britto elogiou a atuação de Moraes, mas fez ressalvas. “Do ponto de vista pessoal, me dou muito bem com ele, que tem livros publicados, é da área do direito constitucional. Porém, pela militância mais político-partidária, de ocupação de cargos, não como teórico, mas como ocupante de cargos do organograma estatal a partir de São Paulo, prefiro aguardar um pouco”, disse.
O magistrado ressaltou que, como manda a Constituição, não pode faltar a um integrante do STF reputação ilibada e notável saber jurídico. “Além disso, coragem para assumir a própria independência perante os outros poderes e internamente para não se deixar manobrar, manipular por nenhum outro ministro da Casa”, completou. Ayres Britto foi relator de processos de grande repercussão como o reconhecimento da união homoafetiva e a constitucionalidade do uso de células-tronco embrionárias em pesquisas científicas (ABr).