Samanta Lopes (*)
O mundo está imerso em grandes mudanças. Passamos por uma pandemia mundial que está se transformando em endemia1. Com a ajuda da tecnologia, estamos aprendendo a conviver com essa condição para nos mantermos conectados. Os avatares, ou seja, nossos IDs virtuais, estão cada vez mais evoluídos. Viver em um universo virtual parece mais divertido e seguro do que andar pelas ruas do mundo real. Tornamo-nos shoppers2 e isso movimenta toda a economia nos dois universos.
Em paralelo, as moedas virtuais estão revolucionando a forma como consumimos conhecimento e investimos tempo e dinheiro. Por exemplo, dizem que investir em imóveis é sempre um bom negócio e, hoje, ser dono de um terreno em Hollywood está apenas a alguns cliques de distância. O aplicativo Upland3 simula o mercado imobiliário no metaverso com dinheiro de verdade, estima-se que vale US$ 300 milhões. Nesse mundo virtual, as pessoas têm espaço para investir, podem compor coleções que lembram o jogo Banco Imobiliário e se tornar “magnatas” da noite para o dia em UPX, a moeda do jogo.
Celebridades como Akon4 estão empreendendo para mudar e impactar o mundo real. Em sua participação na palestra Branding África: Blockchain, Entrepreneurship and Empowering the Future, o cantor afirmou que investir no universo digital pode desenvolver a economia do Senegal, na África, de forma real.
O mundo do YouTube, TikTok, Twitch, entre outras mídias, está repleto de temas, diversidades, comunidades, aprendizados e tribos com cursos para todas as pessoas que queiram se tornar produtoras na área de multimídia e conteúdo. Quem sabe, esses indivíduos podem se voltar ao ramo de influenciadores digitais com a possibilidade de alcançar milhões de seguidores.
O universo dos jogos digitais ou e-Games cresce todos os dias; hoje é possível acessar jogos de qualquer origem, inclusive alguns influenciadores como o DJ Alok ampliaram suas presenças diante desse cenário. A pandemia acelerou a participação dele no jogo Free Fire, promovendo em 2021 o Alok Game Changer5 – seu próprio campeonato, com premiação de R$ 350 mil. Os avatares de celebridades têm chegado a números impressionantes, podem custar mais de R$ 100 mil. Estão habitando a Web3 e o metaverso6 e curiosamente evoluem o tempo todo, assim como a personagem Lu do Magazine Luiza, entre outros que estão chegando, como Sabrina Sato, Bianca Andrade, Nina Silva, Deborah Secco, Nyvi Estephan, Cauã Reymond, Luiza Possi e demais famosos que investem em influenciadores virtuais.
Começamos a conectar comunidades que estavam invisibilizadas a portais de filantropia; vaquinhas e outras iniciativas para mobilizar quem quer doar algo a quem precisa; e grupos como o Razões para Acreditar que têm transformado histórias em possíveis novas realidades, mesmo sem necessariamente estarem inseridos nos estados onde os contextos acontecem.
Apesar da pandemia ter escancarado alguns vales sociais que impedem o acesso de muitas pessoas às possibilidades infinitas da web, também acelerou a organização de ações que estão impactando comunidades inteiras pelo país, acolhendo pessoas refugiadas que encontram asilo em todo o território nacional e permitindo que casas de abrigo atuem na inclusão de grupos vitimados pela violência, como mulheres em risco de feminicídio, pessoas LGBTQIAP+, entre outras. Por meio da comoção pública das redes, é possível mobilizar rapidamente e reduzir o número de mortes e perdas decorrentes das mudanças climáticas que têm surpreendido o mundo com ondas de calor e frio.
As perspectivas de atuar contra preconceitos dos mais variados tipos vêm crescendo com o uso das mídias sociais como garantia de não apagamento e de propagação para sensibilizar e mobilizar ações sociais de resistência a processos violentos. Um exemplo é a hashtag #BlackLivesMatter, que ainda circula pelo mundo após a morte de George Floyd, vitimado pela violência do preconceito.
As conexões mudam vidas e muitas ações acabam se fortalecendo, inclusive com participações de diferentes países, como durante o mapeamento do genoma do novo coronavírus (SARS-CoV-2), em que a médica e cientista brasileira negra Jaqueline Goes de Jesus foi fundamental para aumentar as chances de reação rápida no combate ao vírus, garantindo o direito básico à vida. Assim, recebeu a comenda Zilda Arns7, que tem como objetivo reconhecer o mérito do trabalho de pessoas que se dedicaram ao processo do desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Tal ação também assegurou o direito humano à saúde e mostrou que temos mentes e talentos brilhantes impactando a melhoria do mundo. Toda a equipe de pesquisa envolvida atuou conectada de forma remota para garantir esse benefício às pessoas.
Entre avanços e retrocessos, temos colhido vitórias que a tecnologia vem democratizando. Por isso, 2023 será um ano fundamental para nos ajudar a continuar evoluindo em rede e, quem sabe, no universo paralelo. Um brinde às promessas!
(*) É coordenadora MDI da um.a #DiversidadeCriativa, agência de live marketing – [email protected].