Bruno Dal Fré (*)
Um estudo envolvendo a Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil e a empresa de pesquisas GfK mostrou que, em 2020, a automação nas empresas do país, envolvendo indústria, comércio e serviços, cresceu 3% em relação a 2019.
Se considerarmos que passamos a maior parte de 2020 em meses pandêmicos, podemos concluir pelo menos duas premissas: as empresas, mesmo com todos os cenários desse período de exceção, investiram em tecnologia; logo, esse é um comportamento que denota interesse em seguir investindo em automação e digitalização.
Sem dúvida, a tecnologia, em todas as suas formas – e não apenas na automação industrial -, desempenhou e tem protagonizado papel preponderante na manutenção dos negócios em tempos de crise. O que para muitos foi a salvação em 2020 parece que, a partir de então, passou a ser entendido de uma maneira mais concreta como parte das estratégias de futuro das companhias.
A tecnologia não é um suporte, e sim o meio para aumentar a eficiência, seja nos processos administrativos, seja nos setores produtivos. A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) mostrou em pesquisa de 2018 que 83% dos empresários afirmaram necessitar de mais inovação para seus negócios crescerem. É claro que, diante disso, a automação ocupa um importante lugar. Ela possibilita, entre tantas vantagens, reduzir custos e aumentar produtividade ao mesmo tempo.
Mas é através dela também que processos se integram e que a segurança dos trabalhadores aumenta, já que eles ficam longe de atividades pesadas, insalubres e repetitivas. A mesma CNI mostra um desejo de 40% dos empresários em investir em novas tecnologias. Isso significa que quase metade deles quer ampliar as que já possuem em suas fábricas. Os motivos principais são para introduzir novos processos produtivos, melhorar os atuais, fazer novos produtos e aumentar a capacidade atual.
Em outras palavras, significa dizer que há uma vontade do empresariado em avançar a indústria 4.0 no país – hoje mais restrita à automação do que a outras tecnologias. Os robôs, ou aqueles braços mecânicos que vemos desenvolvendo atividades como pintura e montagem tiveram início ainda na terceira revolução industrial, e são necessários para a quarta revolução industrial – que consiste em tornar esses equipamentos mais inteligentes, mais integrados, e com capacidade de fornecer dados a fim de permitir uma contínua melhora fabril.
Internet das coisas, inteligência artificial, integração de sistemas, computação na nuvem, entre outras tecnologias, são capazes de fazer com que as máquinas troquem informações sobre suas operações. Isso permite aperfeiçoar a produção, com maior planejamento e controle sobre ela, além de melhorar a engenharia de processos de manufatura.
Os benefícios do conjunto das tecnologias da indústria 4.0 são praticamente infinitos. Eles são capazes de tornar as fábricas inteligentes, com capacidade de resposta a mudanças de demanda, promover modularidade, otimização, agilidade, personalização de produtos, entre tantas outras.
A promoção dessas tecnologias via governo e financiamentos públicos deve tirar o Brasil da 18ª posição entre as nações mais robotizadas do mundo. A chegada do Centro para a Quarta Revolução Industrial, o C4IR Brasil, uma iniciativa público-privada operacionalizada pela ABDI, irá apoiar o desenvolvimento de políticas públicas e de estruturas de governança de tecnologia no país. Além disso, temos os programas da agência Finep, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, para financiar empresas que desejam digitalizar seus processos industriais.
Um estudo da consultoria McKinsey prevê que a indústria 4.0 traga uma redução de até 40% na manutenção de equipamentos e de até 20% de energia, além de aumentar a eficiência no trabalho em até 25%. São motivos suficientes para apostar nessa indústria, sem dúvidas. Esse movimento vem tomando corpo também por aqui, no Brasil.
A Dalca Brasil cresceu quase 50% em novos negócios ao longo de 2020, no comparativo com 2019. Mais do que isso, vem registrando expansão no número de projetos envolvendo soluções em automação industrial de forma ininterrupta nos últimos cinco anos. Prova de que a robótica não é mais uma tendência, e sim uma prática consolidada nas indústrias do futuro.
(*) – É CEO da Dalca Brasil (www.dalcabrasil.com.br).