Goldwasser Neto (*)
O planejamento financeiro contribui para que a rotina da área se torne mais precisa, com otimização dos recursos e avaliação do desempenho. Em entidades do terceiro setor, ele viabiliza que a organização corresponda às exigências legais e atraia financiadores. Gestão orçamentária, previsões de cenários e automatização estão na rotina do profissional financeiro do terceiro setor.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa recomenda que o planejamento financeiro seja feito anualmente, envolvendo todas as áreas, com revisões periódicas e seja dividido em duas etapas:
. – Planejamento de longo prazo – Representa a estratégia da organização definida em objetivos alcançáveis no período de dois a 10 anos. É importante que os gestores de ONGs criem cenários de pior a melhor projeção no planejamento de longo prazo e revisá-los continuamente.
Faça revisões em intervalos de três meses e as compartilhe com o conselho e equipe. As coisas estão mudando demais para não fazer isso. Com o planejamento de longo prazo e suas revisões, a organização é capaz de priorizar objetivos e traçar as metas.
. – Planejamento de curto prazo – Representa a tática da organização e equivale à fase operacional na qual os objetivos são implementados. Nesta etapa, as entidades do terceiro setor devem acompanhar as suas movimentações financeiras (caixa, aplicações, contas a pagar e valores a receber). Cabe ao gestor realizar as análises de custos e otimização dos recursos para o alcance das metas.
Peter Drucker, professor e consultor em administração, reforça que “o planejamento não diz respeito às decisões futuras, mas às implicações futuras de decisões presentes”.
. Boas práticas – A gestão do orçamento permite que os financiadores saibam como e onde os recursos recebidos serão aplicados, reforçando quão responsável é a instituição em relação aos valores que capta. O controle do orçamento mais comum no terceiro setor é por projeto, que auxilia na prestação de contas, visto que algumas doações podem ser destinadas a ações específicas.
As organizações sem fins lucrativos podem calcular ou projetar seu orçamento baseado nos resultados anteriores acrescidos de inflação, ou através do orçamento base zero no qual é feito uma análise atemporal da projeção. A gestão do orçamento evita contratempos no fluxo de caixa , o que reflete no equilíbrio das contas. O terceiro setor deve organizar as receitas e despesas como qualquer outra pessoa jurídica.
Entre as boas práticas de administração também está o rolling forecast com foco na revisão do orçamento e previsão de cenários. A Deloitte, em um webcast recente, explica que “a previsão de cenários e o planejamento são uma preocupação primária entre as empresas, perdendo apenas para a incerteza na demanda e receitas que continuam após a Covid-19”.
As previsões contínuas permitem que as entidades do terceiro setor se preparem para cenários desafiadores e ajustem a operação para o alcance das metas, preservando o planejamento.
. Sistemas e softwares para automatização – A gestão financeira do terceiro setor deve identificar a origem dos recursos, como eles serão aplicados e ter transparência na apresentação dos resultados. Essas informações são geralmente coletadas e gerenciadas manualmente, o que traz insegurança aos dados e fragilidade em suas análises.
O uso de softwares contribui para a construção dessa base de dados e na emissão de relatórios que colaboram na prestação de contas das organizações.
As soluções na nuvem permitem a rápida atualização das informações e a integração entre as áreas. As entidades que automatizam a gestão financeira ganham agilidade na análise e produtividade em seus processos.
Os financiadores sentem-se mais confiantes quando as entidades do terceiro setor avançam na automatização das atividades da área financeira. A tecnologia propicia segurança na informação e clareza quanto à movimentação dos recursos, o que acaba por favorecer o processo de captação de novos investimentos.
Com a tecnologia no planejamento financeiro, entidades do setor podem prever cenários mais realistas a partir da análise de dados. O plano financeiro torna-se então uma diretriz, seja em momentos de dificuldades ou crescimento rápido e constante. A área de finanças deve colocar as informações do plano financeiro à disposição dos seus stakeholders, optando pela transparência e confiança nas relações.
Os profissionais dão sequência a uma gestão que mensure os resultados, proteja a organização de fraudes e leve à longevidade da instituição do terceiro setor com reconhecimento da sua idoneidade e colaboração com a sociedade.
(*) – É CEO e cofundador do Accountfy (www.accountfy.com).