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Andorinha faz imersão multissensorial para vender mais azeite

em Destaques
quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Marca, que tem 25% de mercado no país, aposta em educação alimentar

Da Redação

Uma andorinha só não faz verão, diz um antigo provérbio. Mas 15 milhões, 20 milhões de andorinhas esgueirando-se por um território não só fazem o Verão, como a Primavera, o Outono e o Inverno.

Metáfora à parte, a Andorinha nesse caso é a marca de azeite português que tem a preferência do mercado brasileiro, satisfazendo um em cada quatro consumidores. O grupo Sovena (que faturou 1,8 BI de Euros, em âmbito global, no ano passado), no entanto, sabe que há espaço para crescer ainda, seja no modo orgânico, seja no market share, no Brasil. Não há truque, e sim trabalho e planejamento. É claro que a tática de conquistar o consumidor pelo estômago é parte central disso e existe uma estratégia apoiada no aspecto visual e, sobretudo, no olfato – que tem uma linha direta com o paladar.

Sintetizando, vender azeite e manter a participação de mercado exige mais que simpatia e preço. É preciso uma experiência multissensorial.

E foi exatamente isto – reunir aspectos multissensoriais – que a marca fez para jornalistas, compradores, consumidores e influenciadores, divididos em grupos. Nós, de Empresas&Negócios, participamos do primeiro, no lançamento da 3ª edição da experiência imersiva da Casa Andorinha, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Em local decorado com estilo rústico, a exposição (que vai até 22 de outubro próximo) é iniciada em um pequeno compartimento, projetando o olival, com vídeo de árvores, close no fruto (azeitona), música e um aroma estimulante. Ali tudo é perfumado (pronunciando-se um pouco além do natural, para que seja inesquecível a experiência).

Na sequência é explicado o processo em 7 etapas: recepção, limpeza, pesagem, moenda, centrifugação, decantação e, finalmente, o azeite de oliva. “Somos os únicos a fazer todo o processo, no mundo”, diz um dos recepcionistas contratados para a visita guiada. O Grupo Sovena – que adquiriu o olival e seu processo de fabricação, em 2004, da família Simão, originária de Abrantes, que produzia azeite desde 1927 – tem hoje três marcas líderes nos mais de 70 países em que atua. São elas a Fula (referência em Angola, por exemplo), carregando a bandeira de uma sociedade mais diversificada e inclusiva; a Andorinha (estabelecida no Brasil), acentuando a transformação positiva das pessoas e sua relação com a comida; Oliveira da Serra (líder em Portugal), focada na sustentabilidade, sendo o azeite mais premiado no mundo, segundo sua direção.

Cabe explicar que o azeite é produzido integralmente em Portugal, inclusive o Andorinha, no maior olival do mundo, com 12 milhões de árvores. A extensa área fica na região do Alentejo, ao sul do país. A localidade do Alentejo tem 31,5 km quadrados e abriga 58 municípios, sendo Évora a sua capital. A empresa adota as ODS 2, 3, 6, 7, 8, 12, 13 e 15 (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU) que, entre outros temas, destacam o combate à fome, promoção da saúde, consumo responsável e o combate às mudanças climáticas.

“O ideal, aqui, é que tivéssemos o desejo de consumo do brasileiro com o poder aquisitivo do alemão”, brinca Vasco Campos, diretor gerente para a América Latina (baseado em São Paulo, há 12 anos), que nos recebeu ao lado de Nuno Santos, o VP internacional da companhia. Eles lembram que países como Portugal, Espanha e Grécia têm média de consumo per capta de azeite entre 10 l e 12 litros/ano, enquanto o Brasil fica em 0,5 l / ano. Para melhorar o número, a educação alimentar pode ser um caminho no qual a Casa Andorinha resolveu apostar, fazendo ações junto a seus stakeholders – inclusos nutricionistas e chefs de cozinha. No Brasil, por exemplo, o azeite é utilizado para temperar saladas (sobretudo isto), mas na Europa é comum o uso também para fritar e refogar.

Com o olfato apurado dá para se perceber “o perfume do azeite”, nas fragrâncias amêndoa, tomate maduro, grama verde e por aí vai. Existem, no mundo, mais de 1.000 espécies de azeitonas, mas o Andorinha, no caso, reduziu para quatro blends a experiência imersiva. Na visitação, com degustação de azeitonas já preparadas sem caroço e pãozinho, pode-se perceber as diferenças do picante, amargo e frutado. Não é coisa simples, e vai de pessoa para pessoa, mas é possível identificar algumas nuances.
Regionalmente, o Nordeste apresenta forte crescimento mas o mercado de maior consumo é o Estado de São Paulo, enquanto o Rio de Janeiro, de forte influência e tradição portuguesa, permanece com o maior consumo per capta.

Há estatísticas acompanhando de perto o mercado de azeites no Brasil (estimado por Nuno Santos em R$ 2,4 BI), até porque o país já começa a aparecer no cenário internacional como produtor. Enfim, seja por curiosidade, cuidados com a saúde ou puro prazer, vale bem a pena fazer uma imersão no azeite de oliva – no sentido metafórico, é claro.