Marina Barboza (*)
Se há uma coisa que une desde gigantes até as menores empresas, sem dúvida, é a importância de se buscar a inovação. Ter uma grande ideia, por exemplo, pode significar a chance de ouro que se busca para expandir os negócios e sair na frente da concorrência em um segmento já existente, criar uma área do zero ou, por que não, para sustentar a operação de um modo mais eficiente.
O ponto em questão, porém, é que ter um insight incrível tem se tornado uma tarefa das mais difíceis neste mundo hiperconectado e móvel que vivemos. De fato, a globalização e a facilidade de comunicação entre diferentes pontos do planeta têm permitido que as ideias “viajem de forma mais rápida”, e que as novidades, como resultado, surjam “antes” do que aconteceria no passado.
O outro lado da moeda é que pensar algo original e único parece cada vez mais uma meta impossível. Aliás, sabe aquela sensação de que, de algum modo, alguém já tinha pensado nisso? Pois bem: certamente não é apenas uma impressão.
É diante dessa urgência em serem ágeis que muitas vezes as empresas esbarram em uma alternativa perigosa de tentar imaginar o que os outros (consumidores, clientes, usuários etc.) estão pensando.
No entanto, a realidade é que segue sendo fundamental saber ouvir outros personagens e histórias para se construir ofertas melhores. E é aí que abrir espaço para a diversidade deixa de ser um tema puramente social, de justiça, e se transforma também em um fator fundamental para a inovação dos negócios.
Para início de conversa, portanto, é preciso deixar claro que buscar formas de ampliar a diversidade é hoje uma decisão estratégica, capaz de gerar ganhos de produtividade e assertividade nas operações. De acordo com um recente estudo divulgado pela McKinsey, por exemplo, empresas com mais mulheres na liderança conseguem ser até 48% mais eficientes que seus pares de mercado, alcançando até 70% a mais de faturamento.
Evidentemente, estes ganhos não são provocados somente pela presença de mais mulheres. A grande vantagem é a capacidade de incorporar novas visões, experiências e conhecimentos, com a inclusão de uma cultura realmente mais diversa e ampla. Imagine, então, ter a pluralidade representada dentro do dia a dia do negócio entre os líderes das corporações?
Não por acaso, outra pesquisa, dessa vez conduzida pela Harvard Business Review, indica que as organizações que reforçam seus quadros com pessoas de diferentes identidades de gêneros têm até 70% mais chances de sucesso ao entrarem em outros segmentos de mercado – e 45% mais chances de aumentarem sua participação no segmento em que já atuam.
Diante de possibilidades como essas, e por toda a importância social que o tema contém, é fundamental que o ambiente corporativo abrace de verdade a diversidade como um ativo de negócio. Somente ao colocar a diversidade como uma meta real é que as companhias poderão transformar as mensagens de apoio à pluralidade em caminhos reais de sucesso para o futuro.
Esse mindset orientado à inclusão enriquecerá a capacidade de atração de novos talentos, bem como apoiará a construção de portfólios mais alinhados às características da sociedade e, com isso, ajudará na sobrevivência e manutenção da relevância das empresas para o futuro.
Ao acolher a pluralidade, passamos a adotar meios de promover novas perspectivas sobre relacionamento com os clientes, novas tecnologias e formas de trabalhar, além de possibilitarmos a realização de mais processos de brainstorming, potencializando a criação de soluções valiosas para os negócios. Ou seja, a diversidade impulsiona o desempenho.
No entanto, para abraçar as singularidades e transformá-las em um ativo valioso que apoiará a performance em longo prazo, as empresas devem se concentrar em focar na inclusão de grupos minoritários, indo desde a capacitação e contratação até a conquista de cargos de liderança.
Ter mais diversidade no quadro de funcionários é ótimo, mas não gerará resultados reais para a companhia (e para a sociedade), se essa inclusão não permitir que a voz desses grupos seja ouvida. A representatividade importa e é o grande vetor que devemos analisar.
Manter esse compromisso e potencializá-lo continuamente trará um impacto positivo e duradouro às empresas e seus funcionários. Afinal, além de ser uma parte importante da democracia, a diversidade tem uma influência benéfica e prática para os resultados de uma organização.
É preciso manter o foco e agir de forma recorrente, entendendo – de uma vez por todas – que a busca por mais diversidade, igualdade de gêneros e inclusão não é a pauta de apenas de um discurso para momentos específicos do ano.
(*) – É Business Designer Lead na Worldline Brasil (https://worldline.com/)