O procurador da República, Rodrigo Teles, disse haver indícios de que o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, preso ontem (6) em Natal, solicitou e recebeu recursos ilícitos de ao menos quatro empreiteiras para sua campanha ao governo do Rio Grande do Norte, em 2014, da qual saiu derrotado.
Segundo a investigação, ao menos R$ 7,5 milhões em recursos ilícitos teriam sido recebidos pelo ex-ministro, que também usou o dinheiro para despesas pessoais.
Uma das empresas envolvidas foi a OAS, responsável pela construção da Arena das Dunas, sede da Copa do Mundo de 2014 em Natal. As investigações indicam que Alves atuou junto ao Tribunal de Contas do Estado para atrasar em anos as ações de fiscalização do órgão, que havia identificado o superfaturamento da obra. Em troca, o político recebeu uma doação oficial de R$ 3 milhões da OAS por meio Diretório Estadual do PMDB, bem como outros R$ 650 mil diretamente.
Negociações parecidas teriam ocorrido junto às empreiteiras Odebrecht (R$ 3 milhões não declarados), Carioca Engenharia (R$ 400 mil) e Andrade Gutierrez (R$ 100 mil). As investigações foram conduzidas em parceira com a Receita Federal e o Coaf, que apontaram operações suspeitas, como o saque de grandes quantias em dinheiro a poucos de dias da eleição de 2014.
Alves teria oferecido a todas as empresas sua influência nos poderes Executivo, Legislativo e, inclusive, Judiciário em troca de propina. Ele teria agido também em conjunto com o deputado cassado Eduardo Cunha. Alves também é investigado em um caso paralelo, conduzido pela Procuradoria da República do DF, no qual é suspeito de ocultar R$ 20 milhões em contas no exterior (ABr).