O aumento da demanda global deve provocar uma alta de preços do petróleo bruto em 2023, conforme projeção da Agência Internacional de Energia (AIE). Paralelamente à movimentação do mercado, as discussões sobre sustentabilidade na indústria petrolífera tendem a se intensificar.
De acordo com a AIE, mesmo com a perspectiva de enfraquecimento econômico mundial, a procura dos países por petróleo bruto irá crescer. As temperaturas mais baixas do inverno europeu e a reabertura econômica da China, apontada como principal mercado consumidor, são as principais justificativas para a projeção.
A lei da oferta e da procura é quem movimenta o mercado. O crescimento da demanda provoca a alta de preços. O contrário também ocorre, como aconteceu nos últimos meses de 2022, quando houve a redução dos valores e da produção feita pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
A partir de agora, a expectativa é pelo movimento de retomada. A AIE estima um aumento expressivo da demanda, que deve subir em 200 mil barris por dia, podendo chegar a 1,9 milhão de bpd. Neste cenário, a previsão é de elevação dos preços.
. Reflexos – Uma possível alta de preços do petróleo no mercado internacional tende a favorecer os investimentos. Neste cenário, há a expectativa de valorização das ações de companhias do setor. Na Bolsa de Valores (B3) estão listadas empresas como Petrobras, PetroRio, Petroleum, PetroReconcavo, Enauta e Dommo.
Por outro lado, a vida financeira dos consumidores também tende a ser impactada. A elevação do custo pode ser repassada e, assim, pressionar a inflação. Como a maior parte dos produtos e serviços dependem de uma logística de transporte rodoviário, existe a possibilidade de aumento generalizado dos preços.
O Brasil encerrou o ano de 2022 com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – em 5,79%, segundo o IBGE. No entanto, ao longo do ano, o percentual chegou a casa de dois dígitos. Para reduzir o índice inflacionário, o Copom do Banco Central elevou a taxa básica de juros Selic, que fechou o ano de 2022 em 13,75%. O cenário econômico nacional tem pressionado o custo de vida e a renda das famílias.
. Debate sobre sustentabilidade será ampliado – As discussões sobre mudanças climáticas ao redor do mundo evidenciaram a responsabilidade das empresas e dos governantes para a ampliação do debate sobre sustentabilidade, incluindo a indústria petrolífera. A ONU tem trabalhado para intensificar esse diálogo. No Brasil, o tema ainda não integra a agenda de muitas empresas.
Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), em parceria com o Chapter Zero Brazil da Climate Governance Initiative (CGI), identificou que os conselhos administrativos não priorizam o assunto no ambiente corporativo. Os dados mostram que mais da metade das organizações (58,6%) não possui metas para a redução da emissão de carbono. Além disso, 60,6% dos entrevistados afirmaram que não consideram as mudanças climáticas na hora de investir.
Dessa forma, o país tem dois desafios pela frente: o engajamento dos empresários com a causa e o desenvolvimento de políticas públicas para promover a sustentabilidade. O Observatório do Clima elaborou um documento com propostas para a política ambiental brasileira no período entre 2023 e 2024.
Nele, afirma que o novo governo tem o desafio de reverter os benefícios fiscais que foram oferecidos recentemente para as fontes de energia mais poluentes e, também, oferecer subsídios para a produção de energia renovável. O presidente Lula informou que a causa integra a agenda do seu governo. Ele manifestou o interesse de que a Cúpula do Clima da ONU, prevista para 2025, seja realizada na Amazônia. – Fonte: (www.expertamedia.com.br).