Thacio Chaves (*) e Sara Boianosque (**)
As áreas responsáveis pela gestão de riscos de algum processo, sejam elas Compliance, Jurídico, RH, Gestão de Riscos, dentre outras, muitas vezes são vistas pelos demais departamentos da organização como potenciais entraves nos fluxos do dia a dia, que normalmente demandam agilidade.
Isso é uma realidade levando em consideração que a análise de riscos exige uma busca detalhada em diversas fontes de dados justamente para poder garantir um resultado real sobre uma empresa ou uma pessoa que está sendo diligenciada. Na prática, ouvimos questionamentos como “quero avaliar os riscos dos meus candidatos, mas não posso emperrar o processo de seleção” ou “preciso avaliar os riscos dos meus fornecedores”.
Mas temos que fazer com muita agilidade para dar suporte à operação e, para isso, faço uma busca rápida no Google” e, até mesmo, “durante as investigações, preciso de respostas rápidas para montar o quebra-cabeça e cada dia a mais neste processo pode dar margem para o fraudador agir”.
Muitas vezes, é comum vermos cenários em que a empresa não tem braço suficiente para as demandas que chegam. Os ganhos da análise prévia de riscos sempre irão superar outras dores, principalmente a do prazo, mas isso nem sempre é entendido por todos. Os representantes de áreas que fazem análise de riscos sabem que essas dificuldades não podem se sobrepor à exposição da empresa.
Somado a esses problemas atuais, ainda temos um aumento geral na busca por processos que certifiquem ou minimizem os riscos relacionados a terceiros, potencializados por fatores como a maturidade em compliance, as novas legislações – como LGPD, por exemplo, e a necessidade de estar em compliance para garantir parcerias, entre outros fatores.
Esse contexto tem gerado uma necessidade de disrupção da rotina de análise dos riscos. A tecnologia aplicada à automatização de processos, aliada com a inteligência artificial e uma grande bagagem em análise de riscos acumulada ao longo dos anos, está mudando esse cenário completamente.
Agora, já é possível fazer análises automatizadas com uma avaliação robusta de riscos sobre uma entidade em apenas alguns segundos, tudo isso alinhado com o objetivo da pesquisa e a visão sobre o que é risco para um determinado negócio ou processo.
Hoje já é possível avaliar riscos de forma eficiente e eficaz por meio de plataformas que entregam respostas rápidas com resultados de score de risco definidos pela inteligência artificial, economizando dias de análises de uma equipe de avaliação, que agora pode focar no detalhe sem se preocupar com os processos ou mesmo com o refinamento da análise caso a caso, quando necessário.
Com avaliações rápidas, em segundos, é possível checar grandes bases de dados sem a interação humana para iniciar o processo de avaliação de riscos. As famosas APIs, ou seja, as interfaces de programação de aplicativos, cuidam bem dessas integrações, pois cada vez está mais fácil e barato a comunicação entre os sistemas.
Mas atenção: existem sistemas no mercado que entregam apenas uma massa de informações, que em quase nada ajudam no processo de avaliação do risco e, muitas vezes, até atrapalham a análise. Uma plataforma eficaz e que atenda às demandas atuais de complexidade e velocidade precisa reunir diversos elementos para a gestão de riscos completa, pois avaliá-lo pontualmente é uma das etapas, mas é necessário monitorar e, em muitos casos, criar planos de ação para mitigá-los.
É claro que o olhar humano especializado nunca sairá de cena e os especialistas serão cada vez mais demandados, porém eles precisam de ferramentas para ajudar nas suas avaliações. Nesse sentido, ao buscar uma plataforma, é importante analisar se a empresa fornecedora conseguirá suportar análises de riscos mais profundas, que é extremamente importante para casos complexos e com grande relevância para o negócio.
Com essa inovação presente no mercado, as áreas de gestão de riscos não serão mais vilãs nos processos de uma empresa, seja ela grande ou pequena, pois a tecnologia já tornou o compliance acessível para todos, minimizando riscos futuros para toda a organização.
Concluir uma investigação rapidamente, finalizar com qualidade e rapidez um processo seletivo, garantir uma rotina de compras rápida e transparente, assim como fazer o onbording de novos clientes de forma segura, dentre vários outros processos que dependem da análise de risco, já é possível e acessível.
Os antigos “entraves” nesta rotina não são mais necessários e a tecnologia e o conhecimento, juntos, estão aí para isso.
(*) – É diretor associado responsável pelas práticas de Background Check, Due Diligence e Investigação de Ativos; (**) – É gerente sênior de operações, ambos da ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos.