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Agentes de IA: como se beneficiar desses “trabalhadores virtuais autônomos”

em Destaques
quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

A Inteligência Artificial Generativa (IA Gen) está deixando de ser um conceito futurista para se tornar uma grande aliada no cotidiano das empresas.

A evolução dessa tecnologia se dá tão rápido que uma série de novos recursos vão surgindo, sendo um dos mais interessantes os agentes de IA — sistemas capazes de realizar tarefas de forma autônoma, tomar decisões e aprender com a experiência, tudo isso sem a necessidade de intervenção humana constante.

Esses agentes têm ganhado cada vez mais relevância em diversos setores, desde o atendimento ao cliente até a gestão de processos logísticos, modificando a maneira como as empresas operam e se relacionam com seus consumidores. Inclusive, o cofundador da Microsoft, Bill Gates, prevê uma mudança transformadora nos próximos cinco anos, onde os agentes de IA se tornarão super intuitivos, permitindo que os usuários interajam com seus dispositivos usando linguagem natural.

Mas como exatamente eles funcionam e de que maneira beneficiam as organizações? No exemplo dado por Bill Gates, imagine que você deseje planejar uma viagem. “Um robô de viagens identificará hotéis que se encaixem no seu orçamento.

Um agente saberá em que época do ano você estará viajando e, com base em se você sempre tenta um destino ou gosta de voltar ao mesmo lugar repetidamente, ele será capaz de sugerir locais. Quando solicitado, recomendará atividades com base nos seus interesses e inclinação para a aventura, além de fazer reservas em restaurantes do tipo que você gosta”, diz ele.

“Quando falamos sobre agentes de IA, queremos dizer entidades de software que podem orquestrar fluxos de trabalho complexos, coordenar atividades entre vários sistemas, aplicar lógica e avaliar respostas, ou seja, é um sistema capaz de perceber o ambiente ao seu redor, interpretar dados e agir de forma autônoma para atingir um objetivo. Em termos simples, é como se fosse um “assistente digital” bem mais completo, posto que não apenas realiza tarefas previamente programadas.

Isso é valioso porque não somente ajudará os humanos a fazerem melhor seus trabalhos, mas também digitalizará completamente os processos e serviços”, assinalou o pesquisador e especialista na área, Paulo Henrique de Souza Bermejo, que tem pós-doutorado em Inovação na Bentley University, em Massachusetts/EUA, e Certificação Executiva em Estratégia e Inovação, através do Massachusetts Institute of Technology (MiT).

Na prática, o trabalho de um agente inicia com a coleta dados: eles podem vir de diversas fontes, como sensores, bancos de dados ou interações com usuários. No caso de um chatbot, por exemplo, ele percebe a entrada de texto do cliente; já um sistema de recomendação, capta o comportamento de compra do usuário. Depois disso, o agente processa essas informações e, por meio de algoritmos de aprendizado de máquina, consegue identificar padrões, prever resultados e tomar decisões.

Por fim, o agente executa uma ação baseada no que foi aprendido. Ela tanto pode ser a resposta a uma dúvida de um cliente, o ajuste de um preço em tempo real com base em demanda, ou a sugestão de um produto baseado no histórico de compras de um usuário, por exemplo.

“O que se depreende desse panorama, aplicado ao universo dos negócios, é que os agentes de IA estão chegando cada vez mais perto de se tornarem verdadeiros trabalhadores virtuais. Isso significa que estamos bem encaminhados para automatizar uma ampla gama de tarefas, em muitas funções de serviço, em todas as áreas, ao mesmo tempo em que melhoramos a qualidade do que é ofertado”, destacou Bermejo.

. Exemplos práticos: Gestão de Estoques, Logística, Área de Saúde e Hospitais – Para operadoras de saúde, por exemplo, conforme pontuado pelo pesquisador, um agente de IA pode monitorar beneficiários e criar soluções personalizadas, bem como identificar e extratificar a carteira de beneficiários por perfis de risco e comorbidades, propor intervenções específicas e personalizadas para cada beneficiário, coordenar agendamentos de consultas e monitorar a eficácia das ações.

Pode, ainda, ajustar estas estratégias com base em resultados e adesão, garantindo uma gestão otimizada dos recursos de forma contínua, e impactando na amplitude dos serviços proativos da operadora, gerando maior valor aos beneficiários e consequentemente reduzindo a médio e longo prazo a sinistralidade.

“Em relação aos hospitais, agentes de IA podem gerenciar escalas de trabalho e recursos, e reorganizar fluxos de pacientes em tempo real. Além disso, podem alinhar escalas de equipes, recomendar a transferência de pacientes entre setores, priorizar atendimentos críticos e até reorganizar procedimentos agendados para maximizar o uso de leitos e equipamentos, oportunizando eficiência operacional contínua e aumento da satisfação dos pacientes”, detalhou o especialista.

No setor logístico, a IA pode ser de grande auxílio às empresas, no que se refere ao gerenciamento de estoques e otimização das operações. Por meio de agentes inteligentes, é possível prever com maior precisão a demanda de produtos em diferentes épocas do ano, evitando desperdícios e resultando em uma gestão mais eficiente.

Por exemplo, a empresa de varejo Walmart usa agentes de IA para prever a demanda de produtos com base em variáveis como comportamento do consumidor, sazonalidade e condições climáticas, entre outras. Desse modo, é possível efetuar pedidos de reposição mais acertados e aprimorar processos relativos ao estoque.

Além disso, no transporte e entrega de mercadorias, agentes de IA também podem ser usados para aperfeiçoar rotas, calculando a melhor sequência de entregas para reduzir custos com combustível e tempo de deslocamento.

Já nas instituições financeiras, a IA tem sido usada para criar agentes que ajudam na análise de risco e na automação de processos. Por exemplo, algoritmos de IA podem observar o histórico de crédito de um cliente e prever sua capacidade de pagamento, ajudando bancos a oferecer empréstimos assertivos e personalizados.

“A vantagem adicional às empresas é tomarem decisões mais informadas, com base em grandes volumes de dados. Especialmente em áreas como marketing, vendas e gestão de estoques, onde a capacidade de prever tendências surge como um diferencial competitivo, ela é um instrumento bastante positivo “, pontuou.

Para o pesquisador, os agentes de IA são uma verdadeira revolução nas operações empresariais, oferecendo soluções inovadoras e inteligentes para enfrentar os desafios do mercado contemporâneo. “Ao integrar esses sistemas, as empresas podem alcançar novos patamares de eficiência.

A chave para o sucesso nesse cenário será a capacidade delas de adaptar esses agentes à sua realidade, explorando amplamente o potencial dessa tecnologia. Como se vê, o futuro promete uma colaboração ainda mais estreita entre humanos e máquinas”, finalizou. – Fonte: (https://br.linkedin.com/in/paulobermejo).