Marcelo Petrelli (*)
É fato que a tecnologia facilita a nossa vida, e o mesmo acontece nas indústrias.
A evolução tecnológica atingiu um ponto de ficção científica, em que as fábricas são automatizadas e permitem uma operação mais eficiente. Mas, até que ponto é possível promover uma produção inteligente?
Temos diversas empresas hoje no mercado que oferecem inúmeras soluções para este segmento, com enfoque em resultados que visam melhorar a segurança, aumentar a qualidade da produção e otimizar o desempenho da fábrica. Neste contexto, a produção inteligente se define por um sistema de dispositivos discretos e conectados que geram informações que permitem que as pessoas tomem as decisões certas para alcançar os resultados de fabricação desejados e as melhorias pretendidas.
Desta forma, se baseia em quatro elementos: recursos humanos, processo, tecnologia e especificação, que, se combinados da maneira correta, podem otimizar a eficiência operacional geral dos equipamentos (OEE).
. Pessoas: o centro da produção inteligente – Quando falamos em produção inteligente, é indispensável reconhecer as pessoas como ponto central. Neste sentido, os treinamentos são importantes para que a equipe consiga colher rapidamente os benefícios do investimento em todo o processo.
Um elemento fundamental é a participação dos operadores, técnicos de manutenção, engenheiros, gerentes e executivos, utilizando conhecimentos acionáveis que otimizem os recursos e os pontos fortes de cada um. Isto ajudará a liberar os trabalhadores de tarefas simples e repetitivas para que possam se concentrar em tarefas mais complexas que agregam valor ao negócio.
Contudo, é importante reforçar que a tecnologia pode ajudar nos processos, mas nunca substituirá a intuição e a inovação humanas. Quando falamos em processo nos referimos a como lidamos com dados em tempo real obtidos de uma operação ou máquina, uma vez que seu uso e a análise correta garantirão uma migração eficiente para a produção inteligente, que é um processo por si só.
Por isso, é importante ter uma estratégia de dados e, a partir deles, agir e transformá-los em conhecimento.
. O papel da Tecnologia na produção inteligente – Antes de mais nada, precisamos entender que, além de ter dispositivos, é preciso saber aproveitá-los. A conexão a ferramentas inteligentes oferece dados, mas não informações. Esses dispositivos não transformam a produção em algo inteligente sozinhos, mas ajudam os usuários da informação a torná-la inteligente. Assim, a chave é converter dados em informação e conhecimento.
Com sistemas inteligentes, desde componentes até controladores lógicos programáveis (CLP), combinados com soluções de conversores de protocolos de informações projetadas especificamente para funcionar entre sistemas de TI (Tecnologia da Informação) e TO (Tecnologia Operacional), os dados coletados podem ser compartilhados em toda a empresa.
Da mesma forma, qualquer sistema de produção inteligente precisa incluir pacotes de software que facilitem a visualização, otimização e experiência dos usuários.
Existe ainda outro elemento importante quando falamos de produção inteligente.
Trata-se da especificação, que tem a ver com extrair o máximo de valor dos equipamentos originais, uma vez que é preciso pedir aos fornecedores máquinas mais inteligentes, seguras e conectadas, levando em consideração o custo ao longo do ciclo de vida delas, incluindo desempenho e consumo, bem como os benefícios adicionais dos dados gerados.
. Melhorias Sustentáveis – É evidente que a produção inteligente oferece benefícios significativos como por exemplo, resposta mais rápida às mudanças nas demandas do mercado e do consumidor, inventário reduzido, eficiência e produtividade aprimoradas. No entanto, é comum que suposições (às vezes incorretas) sejam feitas em todos os níveis.
Entre os mitos mais comuns está o fato de que menos pessoas são necessárias. Porém, ressalto que a produção inteligente sem pessoas é como um smartphone sem usuário. Outro mito é que se trata de uma solução universal, quando na realidade as soluções são personalizadas e direcionadas a setores, empresas ou desafios específicos. Em conclusão, a produção inteligente não é um destino, mas sim uma jornada. E, é possível iniciar esse processo de maneira progressiva.
As soluções fornecidas incluem dados operacionais que permitem mais proatividade, um retorno mais rápido do investimento e uma disponibilidade maior, além de um sistema de integração entre as plataformas, maior segurança e acesso remoto seguro para acelerar os diagnósticos e a localização de falhas, além de fornecer um ambiente mais seguro para os trabalhadores.
(*) – É gerente de controle da Rockwell Automation na América Latina, companhia promotora do ROKIndustry, evento gratuito que aborda as tendências e desafios das diferentes indústrias do Brasil.