Roque Almeida (*)
Em meio à cacofonia dos mercados atuais, onde incertezas e mudanças ditam o ritmo, um ecossistema de inteligência de negócios é capaz de orquestrar diferentes players em direção a uma composição harmônica.
Assim como toda consultoria sabe que o seu trabalho depende de um bom procedimento de captação, processamento e instrumentalização de informações, no ambiente de um ecossistema de inteligência de negócios, é sabido que três notas musicais compõem a sinfonia do sucesso: ‘Sensing’, ‘Seizing’ e ‘Transforming’.
Quando falamos em ‘Sensing’ estamos falando da capacidade de perceber as nuances do mercado, identificar oportunidades e antecipar tendências – algo como ter uma audição aguçada. O ecossistema, com sua diversidade de players e perspectivas, amplia a capacidade de captar sinais fracos e identificar oportunidades antes que se tornem disruptivas.
Não basta olhar para o mundo como ele é – é necessário enxergar o que existe por trás do que ele é, bem como o que ele pode ser.
Já o ‘Seizing’ trata de agir com rapidez e precisão para capturar as oportunidades detectadas, como se fosse tocar com virtuosismo. A agilidade e a flexibilidade inerentes ao ecossistema permitem que as empresas se movimentem com fluidez, adaptando-se às mudanças e explorando novas possibilidades.
Não adianta ser o primeiro a perceber um problema e não ser capaz de conectá-lo às ferramentas e habilidades necessárias a solucioná-lo.
E na cadência, temos o ‘Transforming’: adaptar-se e renovar-se continuamente, aprendendo com os erros e sucessos, como se estivesse compondo uma nova melodia. O ecossistema permite um tipo de simbiose em que cada empresa se alimenta dos talentos das outras, permitindo que as oportunidades aproveitadas levem à cocriação de soluções inovadoras e transformem a vivência de todas elas.
Ao integrar essas três notas musicais, os ecossistemas de negócios amplificam a eficiência organizacional de diversas maneiras: inovação acelerada, agilidade estratégica, resiliência robusta e crescimento exponencial.
No caso da inovação acelerada, percebemos que a diversidade de perspectivas, a experimentação constante e a cocriação impulsionam a criação de produtos, serviços e modelos de negócios inovadores. Já a agilidade estratégica é quando se tem a capacidade de identificar e capturar oportunidades rapidamente, permitindo que as empresas se adaptem às mudanças do mercado e se mantenham competitivas.
A colaboração e o aprendizado mútuo dentro do ecossistema geram soluções conjuntas para problemas complexos, aumentando a capacidade de lidar com crises e desafios, resultam em resiliência robusta. E para chegar ao crescimento exponencial, é necessária a combinação de inteligências, expertises e recursos que ampliem as possibilidades de crescimento, criando novas oportunidades para todos os envolvidos.
Ainda assim, não basta só colocar várias empresas em um mesmo ambiente e acreditar que eles performarão melhor. Não é sobre ter empresas juntas: é sobre ter empresas unidas. Em um ecossistema, cada um tem uma função, e cada empresa é responsável por retroalimentar as demais com insumos para o crescimento conjunto de todas elas.
Cada empresa tem seu próprio tom, e seu próprio timbre, mas juntas, formam uma orquestra capaz de performar obras belíssimas.
O sucesso depende da escolha dos parceiros certos, da qualificação das mesas de cada empresa, da criação de uma cultura de confiança e da construção de um ambiente propício à inovação e ao aprendizado.
E é claro: de um maestro responsável não por micro gerenciar cada entrega, mas por garantir que cada instrumento, cada empresa, ocupe o seu melhor lugar.
(*) – É CEO da matter&Co., primeiro ecossistema de inteligência de negócios da América Latina (https://www.matterco.com.br/).