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A importância de se cercar de profissionais femininas

em Destaques
quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Mônica Schimenes (*)

Muitos desafios fazem parte da história do empreendedorismo feminino, como situações onde as mulheres são inferiorizadas e consideradas incapazes simplesmente por serem quem são e por carregarem papéis tão significativos fora do mundo empresarial.

Há décadas essas mesmas mulheres vêm lutando por maior espaço e valorização dentro do mercado de trabalho, mas, infelizmente, segundo dados divulgados pelo IBGE, desde que a pandemia começou, apenas em março, sete milhões de mulheres abandonaram seus empregos ou foram demitidas.

Esse dado alarmante reflete os erros históricos e culturais que existem no Brasil e no mundo, que desde muito tempo atrás estamos tentando corrigir. É importante dizer que, apenas na década de 70, as mulheres vêm conquistando um espaço maior no mercado de trabalho, antes disso, além de pouco valorizadas, essas atividades eram mal vistas pela sociedade.
Então hoje, mesmo com 43% dos negócios abertos no Brasil, segundo dados do Governo Federal, seja conquistado por nós, o grau de discriminação é alto, não só nas ocupações formais e informais dos negócios, mas como na desigualdade salarial entre o público masculino e feminino.

Essa resistência também se dá por alguns pontos, como – por exemplo – a desistência de cargos, onde boa parte das profissionais tem um grande potencial, mas deixam suas carreiras em nome da família e dos filhos. Uma pesquisa divulgada pela Catho aponta que 30% dessas profissionais tomam essa decisão, enquanto entre os homens, essa proporção é quatro vezes menor, sendo apenas de 7%.

Com esse fator tão presente no dia a dia das empresas, muitas delas lideradas por homens, acabam não contratando essas mulheres porque simplesmente todas nós temos a responsabilidade com os filhos, com a casa e com as demandas fora do âmbito profissional.

Então quando mulheres como nós, empreendedoras, que conseguimos alcançar um cargo mais elevado chegam no mercado de trabalho é necessário que consigamos forçar a curva, para que outras dessas também estejam presentes nos negócios. Dessa forma, acabamos dando espaço, vez e voz para que todas possam se desenvolver e ter a mesma oportunidade, que antes não tinham.

É importante dizer ainda que, trazendo essas mulheres para a cena, mostramos a elas o quanto nós somos capazes e o quanto a multiplicidade, a diversidade e o pensamento interativo da mulher agrega nas empresas.

Me orgulho em dizer que fui indicada para receber o International Women’s Entrepreneurial Challenge (IWEC), em 2019, que é um prêmio que destaca empresárias de sucesso de todo o mundo. Além disso, fui eleita a “Mulher Empreendedora Global do Ano” pela WEConnect International. Essas duas oportunidades me fizeram entender que a minha empresa não precisa ser vista como inferiorizada apenas por ser liderada por mim, mulher, mas sim que conseguimos e podemos chegar a lugares muito maiores.

Porque todas aquelas mulheres, que vi nessas premiações, empresárias, CEOs, que fomentam boa parte da economia do PIB de seus países, são fortes, potentes, corajosas e comigo não seria diferente. Com ninguém deve ser diferente!

Outra grande oportunidade em minha vida foi entrevistar a Joyce Pascowitch, que – por meio da nossa participação no programa Winning Women da EY – me deparei com uma profissional que carrega consigo um grande potencial em empoderar e motivar as mulheres, inclusive no mundo jornalístico.

Nessa conversa, ela ainda comentou comigo que sempre trabalhou com muitas mulheres e que isso sempre foi mais fácil, pelo foco, pela dedicação e porque nós – ainda – precisamos nos mostrar mais que os homens. E esse é um fator que levo em consideração, porque nós precisamos no cercar, cada dia mais, de mulheres.

Então, quando falamos também sobre a Rede Mulher Empreendedora, da Mulheres do Brasil, da WeConnect e do próprio Winning Women, que são espaços associativos e integrativos para a mulher, estamos dando voz para que todas se fortaleçam e descubram o seu potencial.

Dessa forma, conseguimos empoderá-las, para que ocupem espaços e, apesar do despreparo, existem ferramentas para que consigam estar aptas para o mercado. Ainda espero dizer um dia que contribui para que todas essas mulheres estejam alocadas em suas devidas oportunidades profissionais.

(*) – Relações Públicas, é fundadora e CEO da MCM Brand Group, grupo de comunicação integrada com atuação comprometido com a performance e responsável com a diversidade e inclusão.