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A importância da gestão do conhecimento na sociedade contemporânea

em Destaques
quarta-feira, 03 de agosto de 2022

Henrique Alencar Fiorentino (*)

Quando o assunto é a globalização, muito se tem a falar. Mas, quando voltamos esse tema para a gestão das empresas, ainda encontramos resistência, reservas e incompreensão de alguns empresários. O que nos traz grande preocupação acerca do tipo de estratégia de marketing que empregam para se manterem vivos em meio a hipercompetição do mercado.

Como todos sabemos, e bem sabemos, a vinda da tecnologia e da globalização acabou com as fronteiras físicas, trazendo ao mundo uma dinâmica comunicativa nunca vista anteriormente. Esse avanço expandiu o acesso à informação de tal forma que empresas podem viralizar sua reputação positiva ou, acabar com o negócio de uma hora para outra – inbound marketing.

A título de informação, no ano de 2019, segundo o IBGE, 86,7% dos brasileiros possuíam acesso à internet, sendo que, 98,6% desses usuários a realizavam através de seus aparelhos smartphones. Esse poder de informação na palma da mão integrou o mercado brasileiro ao global conferindo-lhe outro rumo, o posicionamento do produto ou serviço deixou de ser local e passou a ser digital de longo alcançe.

Os comerciantes locais deixaram de competir pelo mercado em que se inserem e passaram a dividir clientes com outras empresas nacionais e internacionais. Com isso, as empresas se viram cada vez mais desafiadas a alinhar seus produtos e serviços com as necessidades e expectativas dos clientes, em diferentes culturas, idades, etc., sendo objeto não só do consumo, mas também de opiniões.

Mais além, a nova concepção global do limite de recursos naturais e preservação do planeta trouxe novas políticas e opiniões sobre o mercado – ESG – afunilando a competição na conformidade das empresas com os Objetivos de Desenvolvimento Sociais – ODS. Nesse contexto, onde entra a educação corporativa? Ela está interligada a tudo!

Essa dinâmica do novo mundo digital e globalizado fez das empresas um “camaleão”, cada vez mais desafiado a se mesclar com as cores e sintonias dos andamentos comerciais dominantes. A nova lei de sobrevivência se tornou a capacidade da inovação e adaptabilidade em meio a nova performance de mercado.
Na sociedade do conhecimento, tanto os consumidores quanto os colaboradores são mais exigentes, pois detêm acesso às informações na palma da mão, então trabalham e contratam produtos e serviços com uma análise prévia do fornecedor.

Com isso, tanto a gestão de pessoas quanto a produção propriamente dizendo sofreram alterações, objetivando-se responder a demanda do novo mercado.
As empresas se obrigaram a se comportar como organismos de valores pautados na inovação, transparência e responsabilidade socioambiental, o que somente se viabiliza através da educação corporativa.

Nesse sentido, a educação corporativa além de alinhar as competências e otimizar a linha de frente do negócio, retém talentos e incrementa a qualidade tão exigida na customização dos produtos e serviços. Bem como, traz dinâmica aos procedimentos permitindo às empresas a percepção dos erros que cometem, abrindo-lhes espaço para a implementação de qualidade com atualização de procedimentos. Quanto maior a formação dos funcionários sobre o cenário atual da empresa e sua posição no mercado, maior será a resposta aos desafios propostos pela hipercompetitividade.

Outrossim, na medida da exploração de treinamentos, os colaboradores ganham responsabilidade coletiva e passam a atuar em rede, pois desenvolvem consciência dos desafios à luz da transcendência e interdisciplinaridade exigida pelo mercado: a empresa compreende pela capacitação que a falha de um setor reflete em cadeia nos demais e, que a organização corporativa se funda como um organismo emaranhado e interno.

Nesse ponto, é muito mais fácil trabalhar com um time capacitado que oferece resultados certeiros, do que o oposto, que ameaça a subsistência da equipe e qualidade do trabalho. O despreparo atua com os riscos e prejudica a qualidade dos serviços, bem como a autossatisfação dos colaboradores. Funcionários com sentimento de pertencimento e valorização tendem a se sentir mais motivados e ativos na corporação – se engajam com a cultura e procedimentos da empresa.

É indiscutível a ideia de que a imagem de uma empresa reflete os pensamentos e comportamentos de quem a constitui. Assim, a grande ameaça contemporânea é a reputação obtida como resultado do produto ou serviço, onde se expressa toda a intenção e capacidade da empresa, o que é rapidamente compartilhada na internet.

Dessa forma, a educação corporativa é uma gestão de riscos, porque alinha a capacidade técnica dos colaboradores e os gerencia através do reconhecimento de suas competências frente às demandas do mercado, conferindo respostas mais assertivas para as expectativas do cliente. É um facilitador que permite flexibilidade aos colaboradores para atuarem alinhados com a demanda de mercado, e chave para a manutenção da lucratividade e sobrevivência do negócio.

Sem organização, não há atividade lucrativa/ empresarial. Assim, usar da capacitação dos funcionários para atingir um ideal reflete duas vias de benefício: responsabilidade social, como alinhamento dos interesses pessoais e corporativos, para quem busca desenvolvimento e, atividade fim de uma empresa, o lucro e prestígio no mercado. Uma empresa que não se atualiza se torna obsoleta, isto é, fica em desuso e perde o posicionamento na mente do cliente.

Assim como, aquela que não atende as expectativas do cliente, o perde para o concorrente. Nesse sentido, já dizia Derek Bok: “Se você acha que a educação é cara, experimente a ignorância”. Portanto, importante concluir que o despreparo operacional de uma empresa não traz qualquer rentabilidade, mas a leva à ruína pela desatualização e falta de otimização de respostas ao mercado hipercompetitivo.

Por isso, investir na educação dos colaboradores deixou de ser um modismo altruístico para uma necessidade à sobrevivência de mercado.
Você é quem escolhe o destino do seu negócio

(*) – Advogado, pós em Gestão e Business Law, pela FGV, é responsável pela área de Treinamento e desenvolvimento de Pessoas do Vigna Advogados Associados (https://vigna.adv.br/).