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A engenharia de plataforma impulsiona o desempenho de desenvolvedores e organizações

em Destaques
sexta-feira, 01 de novembro de 2024

Gustavo Serafim (*)

À medida que o ambiente digital avança, os desafios enfrentados pelos desenvolvedores de software também se intensificam. Eles precisam estruturar novos modelos de negócios que sejam não apenas disruptivos, mas também sustentáveis e rentáveis às empresas.

Nesse contexto, a “engenharia de plataforma” (do termo em inglês “platform engineering”) surge como uma solução para aprimorar a experiência do desenvolvedor, em que equipes de plataformas estão criando produtos cujos clientes são outras equipes dentro da empresa. Sua abordagem visa aprimorar e acelerar o desempenho dos desenvolvedores, auxiliando-os a enfrentar uma modernização tecnológica eficaz, além de proporcionar as melhores experiências aos usuários.

Executivos interessados em um crescimento a longo prazo e resiliência empresarial devem criar plataformas à prova de futuro. Esta é uma necessidade que tornou-se urgente e desafiadora à medida que as organizações enfrentam adversidades econômicas, que aumentam o escrutínio sobre os custos e exigem propostas de valor mais objetivas. A engenharia de plataforma aborda essas questões, apoiando um crescimento sustentável e a entrega de valor real.

No entanto, se você perceber que está agregando recursos que oferecem apenas potenciais benefícios futuros, sem um valor tangível no presente, então, pare. De acordo com previsões do Gartner, até 2026, 80% das grandes organizações de engenharia de software estabelecerão equipes de engenharia de plataforma. Essas equipes atuarão como provedores internos de serviços, componentes e ferramentas reutilizáveis para a entrega de aplicativos.

A tendência, portanto, é que as empresas optem pela adoção de plataformas integradas, que englobem cadeias de recursos e fluxos de trabalho. Essas plataformas permitem aos desenvolvedores gerar, operacionalizar e gerenciar aplicativos de ponta a ponta, oferecendo autoatendimento e acesso simplificado às ferramentas mais avançadas de engenharia de software.

. Benefícios – A engenharia de plataforma reúne o que os desenvolvedores precisam, sendo criada de forma incremental por times de plataformas, tornando-se uma solução viável para as corporações de todos os setores. Oferece diversos benefícios tanto às empresas quanto aos desenvolvedores.

Primeiramente, ela ajuda a reduzir a taxa de rotatividade e a atrair talentos de alto nível, criando um ambiente de trabalho moderno e eficiente, que é atraente para os melhores profissionais. Além disso, promove a aceleração do ritmo da inovação na corporação, pois, com uma infraestrutura sólida, as empresas podem experimentar e lançar novas ideias com muito mais agilidade.

Outro aspecto importante é a construção de uma diferenciação competitiva, permitindo o desenvolvimento de soluções únicas que destacam a empresa no mercado. A engenharia de plataforma também assegura a conformidade (compliance), garantindo que todos os processos e produtos estejam alinhados às normas e regulamentações.

Por fim, contribui para aumentar a agilidade dos negócios, permitindo que as empresas se adaptem rapidamente às mudanças do mercado e respondam de forma eficaz às demandas dos clientes.

. Principais facilitadores de valor – A engenharia de plataforma utiliza diversos facilitadores de valor. Entre eles, estão: os portais internos para desenvolvedores, que são plataformas centralizadas para fornecer fácil acesso a ferramentas, serviços e documentação essenciais para um desenvolvimento eficiente; e a infraestrutura como código que automatiza a provisão e o gerenciamento da infraestrutura via código, aumentando a consistência e reduzindo erros manuais.

Há ainda a infraestrutura com foco em segurança que implementa práticas e ferramentas capazes de priorizar a segurança desde o início do desenvolvimento; a metodologia DevOps que promove a integração das equipes de desenvolvimento e operações, melhorando a colaboração e acelerando a entrega de software; e por fim, os recursos como observabilidade, SDKs, APIs e frameworks que permitem monitorar e compreender os sistemas em tempo real, além de facilitar o desenvolvimento com kits de software (SDKs), interfaces de programação de aplicações (APIs) e frameworks.

. A revolução da arquitetura empresarial sob a perspectiva do desenvolvedor – É importante acrescentar que, como desenvolvedores, vivemos uma revolução com a abordagem Lean na arquitetura empresarial, estruturando literalmente a arquitetura de negócio em fluxos de valor. Isso nos permitiu uma abstração perfeita para compreender melhorias, sem a necessidade de entrar em detalhes de processos complexos, evidenciando pontos de aprimoramento.

Entretanto, ao executar projetos de TI, muitas vezes encontrávamos arquiteturas de referência engavetadas ou que tornavam a vida dos desenvolvedores mais difícil. É aqui que o conceito de plataforma se torna crucial, ao oferecer uma arquitetura como serviço com um foco real na experiência dos desenvolvedores.

Em vez de simplesmente aplicar definições e apresentar toneladas de slides, conseguimos entregar serviços de forma executável, dando início a uma nova era na arquitetura empresarial. Além disso, surgiu a oportunidade de criar pacotes de serviços que se alinham aos fluxos de valor do negócio, conhecidos como “business package capabilities”, transformando-os em verdadeiras plataformas digitais.

Essas plataformas não apenas incorporam os elementos clássicos da engenharia de plataforma, mas também agregam serviços que podem ser reutilizados dentro da organização. Assim, a conexão das estratégias do negócio a partir de fluxos de valor e as capacidades empresariais é, agora, planejada e entregue como um serviço, apoiando as iniciativas e acelerando o desenvolvimento da arquitetura empresarial.

. A importância de especialistas na implementação – É essencial que as empresas contem com especialistas, que trabalham lado a lado com suas equipes internas, para implementar uma engenharia de plataforma dinâmica e colaborativa, com plena interação para oferecer valor real aos clientes.

São profissionais com um profundo conhecimento técnico, que compartilham aprendizados continuamente, além de possuir definições claras e bem estabelecidas para garantir o autoatendimento dos melhores recursos e fluxos de trabalho. Tão importante quanto o conhecimento técnico é a organização dos times de plataforma de engenharia, sendo fundamental considerar conceitos de topologia de times.

A engenharia de plataforma, ou platform engineering, está se consolidando como uma peça-chave para a eficiência e evolução digital das empresas. Investir na construção de uma plataforma própria não apenas acelera a performance dos desenvolvedores, mas eleva o posicionamento da empresa em um mercado altamente competitivo. Entre os resultados às organizações provenientes da adoção de engenharia de plataforma, podemos considerar:

Aa otimização de custos (reduzindo despesas operacionais, por meio de processos mais eficientes e automatizados); o crescimento de receita (acelerando a entrega de produtos e serviços inovadores, que atendem às necessidades do mercado), a redução de custos com contratações (atraindo e retendo talentos de alto nível e reduzindo a necessidade de recrutamento constante); e a mitigação dos riscos de segurança (incorporando práticas de segurança desde o início, minimizando vulnerabilidades e potenciais ameaças).

Portanto, ao adotar a engenharia de plataforma, não há dúvidas que as organizações podem criar aceleradores que tornam os seus processos muito mais eficientes, promovendo agilidade e inovação de forma sustentável. Essa transformação não apenas melhora as operações internas, mas também posiciona as empresas de maneira mais competitiva no mercado.

Aposte nessa tendência!

(*) – É Chief Of Growth da Platform Builders (https://platformbuilders.io/).