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5 previsões do mercado de supply chain para este ano

em Destaques
segunda-feira, 13 de março de 2023

Ivan Jancikic (*)

Tantas mudanças em um ano! Enquanto as pressões em cima da cadeia de suprimentos que foram construídas ao longo dos últimos dois anos continuam a diminuir assim como os problemas de capacidade de transporte decrescem e o consumo muda de bens para serviços, novos desafios e oportunidades surgem à frente.

À medida que as pressões de custo aumentavam, as organizações precisavam ser criativas para ampliar o foco na otimização de gastos, enquanto garantem a resiliência e a continuidade dos negócios. Ao virarmos a página de 2022, gostaria de fazer cinco previsões para o mercado de supply chain e o que esperar em 2023.

1 – Um começo difícil com sinais positivos no caminho: à medida que as empresas sofrem pressões inflacionárias em todas as partes do mundo e a desaceleração da demanda dos clientes, é esperado que o primeiro semestre seja difícil. As organizações serão pressionadas a reduzir custos e fazer mais com menos.

No caso do Brasil, estamos vivendo essa mesma pressão com uma certa insegurança em alguns setores e euforia em outros. Esse cenário controverso, na minha opinião vai caracterizar um primeiro semestre de consolidação das mudanças implementadas em 2022 e com um segundo olhar paralelo na evolução do cenário interno de inflação e crescimento da economia.

Olhando para o ambiente externo, pegando exemplos de outros países, enquanto os Estados Unidos e a União Europeia estiverem sofrendo essa pressão inflacionária e desaceleração, a China terá uma folga. A economia da China em 2022 cresceu a um nível historicamente baixo de 3%, devido à política de zero COVID e à desaceleração dos volumes de exportação.

No entanto, com o relaxamento da política zero COVID, o crescimento do PIB está previsto em 5%. Espera-se que os aumentos agressivos das taxas de juros praticadas pelo Federal Reserve diminuam ao longo do ano, melhorando a previsibilidade e ajudando a lidar com as crescentes preocupações com os custos. Além disso, o meu lado otimista quer acreditar que a agressão da Rússia à Ucrânia não será prolongada, dado o preço que está sendo cobrado dos cidadãos de ambas as nações.

Todos esses fatores juntos (internos e externos), colocam o segundo semestre de 2023 sob uma luz mais positiva.

2 – Os gastos com a cadeia de suprimentos diminuirão, enquanto a construção de resiliência continuará em foco: os custos de supply chain amplamente classificados em despesas operacionais, capital de giro, investimentos de capital e gastos com MRO (manutenção, reparo e operações) estarão sob análise. No entanto, as organizações visarão estrategicamente reduzir o risco de suas cadeias de suprimentos, adicionando a possibilidade de opções e reduzindo pontos únicos de falha.

Com as interrupções sofridas nos últimos anos, os diretores financeiros agora estão mais cientes do papel da cadeia de suprimentos para garantir a continuidade dos negócios. Eles terão uma mente mais aberta e ponderada sobre os investimentos em resiliência, mesmo com restrições de orçamentos, desde que exista um caso de negócios válido detalhando como essa resiliência reduzirá o risco geral.

3 – As soluções tecnológicas comprovadas ganharão terreno à medida que o hype for filtrado: a tecnologia da cadeia de suprimentos que oferece hype, mas não é apoiada por recursos sólidos e comprovados, será filtrada. Enquanto isso, a tecnologia que resolve os problemas práticos e mais urgentes enfrentados pelas empresas fortalecerá seu domínio, especialmente enquanto as empresas procuram investir mais em soluções que ajudem a otimizar os gastos com negócios enquanto criam resiliência.

As soluções baseadas na entrega de eficiências e economia de custos ganharão terreno. À medida que os orçamentos são pressionados, as organizações serão muito mais cuidadosas para direcionar cirurgicamente os investimentos que oferecem benefícios mensuráveis.

4 – A colaboração humano x inteligência artificial ganha impulso: conforme as organizações procuram fazer mais com menos e tornar sua força de trabalho mais produtiva, elas continuarão a priorizar a inteligência artificial que auxilia os humanos cognitiva e fisicamente. Acelerar o investimento em robôs inteligentes em armazéns que levam mercadorias para as pessoas, reduzirá o trabalho repetitivo. Os sistemas de suporte à decisão auxiliarão os humanos com insights no momento da decisão.

Quanto ao tema da colaboração humano x inteligência artificial, seria negligência não abordar o tema da Inteligência Artificial Generativa (IA). Essa aplicação muito específica da IA, em que um conteúdo totalmente novo é gerado baseado em solicitações humanas, entrou na arena do consumidor convencional. Isso é mostrado pela recente empolgação em torno das tecnologias OpenAI, como ChatGPT e Dall-E.

Espero, no entanto, que o uso seja limitado ao setor de negócios ao longo deste ano, exceto por alguns nichos, como criação de conteúdo em marketing, em que essas tecnologias podem ajudar os humanos. De qualquer forma, espera-se que os líderes acompanhem a evolução dessas tecnologias até o final de 2023.

5 – As prioridades ESG continuam no topo da agenda executiva e do conselho. O ESG continua crítico quanto ao ativismo de acionistas e funcionários, regulamentação mais rigorosa e preferências do consumidor. No entanto, em um mundo inflacionário, não se pode presumir que os consumidores pagarão mais por ofertas sustentáveis. Ao invés disso, as organizações priorizarão melhorias de sustentabilidade que também gerarão economia de custos. Felizmente, na cadeia de suprimentos, existem algumas oportunidades que podem atender a ambos os objetivos: como otimizar rotas de transporte, simplificar estoques e mudar para tipos de transportes mais sustentáveis.

Ainda que essas previsões não sejam exaustivas, espero que forneçam algum contexto sobre o que esperar em 2023. Com o crescente desejo de obter visibilidade do mercado de supply chain de ponta a ponta, de modo geral vejo a colaboração multifuncional na cadeia de suprimentos, compras e finanças ganhando força e investimentos digitais direcionados à realização dessa colaboração. A cadeia de suprimentos é, e será cada vez mais, um esporte de equipe.

(*) – É Regional Vice President, Engagement Management & CSP LATAM da Coupa Software.