Diversos fatores são cruciais para investidores aprenderem a olhar startups com o objetivo de analisar o risco de investimento e o seu potencial de retorno. Os principais tópicos observados são comuns para muitos negócios: time, tamanho de mercado, grau de diferenciação, modelo de receita, tração, entre outros.
De acordo com o Mapa de Investidores 2020, 88,3% dos investidores estão ativos para aplicar capital em novas startups brasileiras e 70,3% já estão investindo e gerando portfólio. No entanto, além desses itens fundamentais, outros pontos que também devem ser considerados muitas vezes são ignorados.
Segundo Pedro Teixeira, Diretor de Aceleração da Troposlab, empresa especialista em inovação, existem cinco atributos que o investidor analisa detalhadamente e que muitos empreendedores ainda não sabem. Confira, a seguir:
1- Cap table – É a divisão societária de uma empresa. Sócios que não fazem parte do seu dia a dia muitas vezes não são bem vistos e, embora tenham tido sua participação na organização, hoje talvez não agreguem mais benefícios. Quanto maior o percentual desse tipo de sócio, pior o negócio do ponto de vista de um investidor.
Em segundo lugar, os investidores se preocupam com empreendedores que cederam equity (percentual da sua empresa) em excesso nas primeiras rodadas de investimento. Nas etapas de aceleradora, anjo e primeiro fundo, é de se esperar que cada um desses obtenha entre 5-15% de participação, no máximo.
Quanto mais diluídos os fundadores estão, menor tende a ser a motivação deles. Por fim, divisões muito discrepantes entre os fundadores tendem a transparecer uma relação hierárquica e não de sociedade.
2- Número de sócios – Tanto um número excessivo quanto um número muito reduzido de sócios costumam ser ruins para um negócio. Empreendedores solitários costumam ser fechados a novas ideias e não atender a todas as competências necessárias para o empreendimento.
Por outro lado, empresas com muitos sócios (mais de 6, por exemplo) estão mais propensas a atritos e/ou lentidão nas tomadas de decisão. Idealmente, ela deverá possuir de 2 a 5 sócios executivos nas etapas iniciais.
3- Passivos do negócio – Atualmente é quase impossível começar um negócio 100% dentro das regulamentações do mercado pela complexidade das diversas leis, tributos e regras envolvidas e pelo peso que a carga tributária possui nos negócios no Brasil.
“Muitas startups não entendem todos os tributos que precisam pagar ou não emitem notas fiscais para tudo o que fazem. Quanto maior o volume dessas práticas e maior o tempo, maior o risco para a empresa. Um investidor olhará isso e colocará na balança de risco e retorno que enxerga no negócio.
Dependendo do passivo, ele pode ser ignorado, pode-se direcionar uma parte do recurso para pagar os passivos anteriores ou mesmo ser a razão do cancelamento do investimento”, considera Teixeira.
4- Dedicação dos founders – Quem opta por empreender está escolhendo abrir mão de um determinado salário que ganharia no mercado e do currículo profissional que poderia construir. Isso mostra como esse empreendedor acredita no futuro do negócio que está criando.
Alguns empreendedores, no entanto, por escolha ou por falta de opção, acabam conciliando o caminho de empreender com outro caminho profissional. Em uma eventual balança de dois negócios com potencial semelhante, um deles com os empreendedores full time e outro apenas part time, os investidores tendem a pender para aqueles que estão 100% dedicados ao negócio.
5- Opções de saída – Não se enganem: na maioria dos casos os investidores estão interessados em vender empresas ou, pelo menos, obter lucro em sua parte nessas empresas. “Tão ou mais importante do que o investimento bem feito é a saída bem feita. Por isso, os investidores estão atrás de negócios que podem ser vendidos no futuro e/ou suas participações serem adquiridas por outros investidores”, afirma o executivo da Troposlab.
Dessa forma, eles devem observar como são as operações de fusões e aquisições de cada setor, acompanhar as operações de outras rodadas de investimento ou processos de IPO (lançamento da empresa na bolsa). Essas são as opções disponíveis para um negócio quando ele atingir a sua maturidade. Sem a existência dessa possibilidade no futuro, o investimento não vale a pena. – Fonte e mais informações: (www.troposlab.com).