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Primeiros fatos

em Colunistas, Heródoto Barbeiro
quinta-feira, 19 de abril de 2018

Primeiros fatos

Uma das principais missões do jornalismo é fiscalizar o Estado. Ainda que essa missão não esteja expressa na constituição.

E o trabalho tem sido árduo. Contudo graças a lei da Transparência, qualquer cidadão e contribuinte pode acompanhar como está sendo gasto o dinheiro dos seus impostos. Com a avaliação dos fatos pode formar sua própria opinião e, se achar que deve, compartilhar na sua rede social. Todas as esferas do Estado estão obrigadas a publicar os gastos. Vale para o presidente, governador, prefeito e todos os órgãos públicos.

A lei, sancionada em 2009, pelo presidente Lula, é uma conquista importante para a cidadania, ainda que muita gente não tenha conhecimento dela e alguns estados da federação sejam refratários. Através do acesso é possível saber quantas excelências viajaram para o exterior, o que foram fazer e quanto custou a passagem e a estadia.

Qualquer pessoa que notar alguma irregularidade pode denunciar no ministério público ou nos modorrentos tribunais de contas espalhados pelo país. Graças ao portal é possível saber mais do que quanto um funcionário do Estado ganha, mas quanto ele custa. E há uma diferença sensível.

Faça um teste com um deputado federal ou senador.

O Portal da Transparência é uma ferramenta importante para combater a última praga da comunicação: as fakes News. Graças a elas as marcas de credibilidade se consolidam no mundo. A melhor maneira de saber se uma informação recém chegada no celular é verdadeira ou não, basta entrar nas páginas das marcas jornalísticas de credibilidade. Se não estiver em algumas delas, é falso. O público está se contagiando com a metodologia jornalística de duvidar sempre.

Por isso ainda que o cipoal tecnológico não pare de se entrelaçar, com inúmeras plataformas digitais, o jornalismo nunca foi tão importante. Um ataque de gás na guerra da Síria, com imagens de crianças sendo atendidas, é seguido imediatamente com “noticias“ provindas da própria Síria ou que não passa de um teatro montado pelos rebeldes, ou é ao mesmo tempo um massacre inominável. Em quem acreditar?

A formação de uma opinião conclusiva pode custar uma intensificação da guerra. No entanto os veículos de credibilidade veem nisso uma oportunidade. Quando foi o primeiro ataque de gás no mundo? Quantos soldados morreram na primeira guerra mundial sufocados pelo gás? Quem inventou essa arma? Há uma reprovação mundial contra ela? Assim, com novas reportagens, possível é ir além de informar, mas de formar o público.

O público aprendeu que é preciso se informar em mais de uma plataforma.

As opiniões, interpretações podem ser diferentes, mas os fatos não. Aconteceu ou não ? Assim, os jornalistas precisam acompanhar o ciclo de vida de uma informação, ainda que sejam todos os dias atropelados por uma avalanche de novas informações. O homem que foi agredido na manifestação e levado para o hospital se recuperou? Como está o estado de sáude dele depois de alguns dias? Saiu do hospital ? Vai mover uma ação na justiça contra os seus agressores ? Ou ele só foi notícia no momento do episódio ?

Não se pode abandonar o incompleto pelo novo, só porque é novo. O turbilhão de mudanças na produção e consumo das noticias não isenta a busca constante pela exatidão, isenção e o interesse púbico. Isto vele para as chamadas velhas mídias, que não são tão velhas assim uma vez que agora navegam em multi plataforma, como o Jornal da Record News, e as chamadas mídias sociais.

O que o público espera é um jornalismo independente, com pluralidade de fontes, didático, explicativo, que contribui para a educação geral e o fortalecimento do processo democrático.

(*) – É âncora e editor-chefe do Jornal da Record News, em multiplataforma.