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UM POUCO DO DESCALABRO EDUCACIONAL

em J. B. Oliveira
terça-feira, 25 de outubro de 2016

UM POUCO DO DESCALABRO EDUCACIONAL

“É isso que, tristemente, a “educação” atual – a moderna – faz: vale-se de todos os meios e recursos, inclusive os financeiros, para transformar o analfabeto absoluto em analfabeto funcional! As consequências desse engodo, desse logro, desse estelionato educacional não poderiam ser piores: milhões de brasileiros que leem uma instrução qualquer e não têm a mínima condição de assimilar seu conteúdo. É fácil concluir o que isso representa para nossa cultura e, o que é mais grave, para o famoso “custo Brasil”! ”

O texto acima é transcrição de parte de meu artigo “O ANALFABETISMO FUNCIONAL NACIONAL”, em que tecia considerações sobre respostas colhidas nas provas do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio (melhor seria VENEM – Vexame Nacional do Ensino Médio…).

Fica meridianamente claro que esses alunos “fingem estudar” e, por certo, alguns professores – felizmente nem todos – “fingem ensinar”. Não há outra forma de explicar as confusões de sentido, forma e conteúdo que suas respostas apresentam. Para usar um velho ditado “ouviram o galo cantar, mas não sabem onde”. Colheram os ensinamentos de maneira tão displicente e aérea que não assimilaram nada por inteiro e, por isso, passam a “misturar alhos com bugalhos”, como demonstram estes exemplos:

QUESTÃO: Qual a função do apóstrofo?

RESPOSTA: Apóstrofos são os amigos de Jesus, que se juntaram naquela jantinha que Michelangelo fotografou

QUESTÃO: Qual a principal função do esqueleto?

RESPOSTA: Invadir o castelo de Greyscou (sic).

Aqui e acolá despontam, também, as táticas de “Rolando Lero ”, como se vê a seguir:

QUESTÃO: Nessa situação, Brás Cubas confessou ter passado pelas mesmas sensações pelas quais passou à época do emplasto. Que sensações são essas alimentadas por nosso protagonista?

RESPOSTA: Seriam sensações boas? Sensações ruins? “Que sensações seriam essas? ” Oh, Deus, eu me pergunto.

QUESTÃO: Descreva o regime político adotado pelo Presidente Jânio Quadros.

RESPOSTA: Professora, eu nasci no ano de 1987 e por esse motivo não poderei responder essa pergunta, mas me prontifico a ir a biblioteca para pesquisar qual foi o regime adotado por ele.

Mais algumas pérolas: “A amazônia (sic) está sofrendo um grande, enorme e profundíssimo desmatamento devastador, intenso e imperdoável. ”

“A floresta está cheia de animais já extintos. Tem que parar de desmatar para que os animais que estão extintos possam se reproduzirem e aumentarem seu número respirando um ar mais limpo. ”

Em outros casos, o que se vê é pura e simples alienação. Tem-se a impressão de que o examinando não conhece nada sobre aquilo que lhe está sendo perguntado! Ocorre que todas as questões – simples, por sinal – versam sobre o que foi ensinado e que consta do currículo escolar! Aí, “mais perdido do que cachorro que caiu de mudança”, ele passar a “chutar”. Com as quatro patas! Seguem algumas preciosidades:

“O problema da amazônia (sic) tem uma percussão mundial. Várias Ongs já se estalaram na floresta.

“Vamos nos unir juntos de mãos dadas para salvar o planeta. ”

“Tem que destruir os destruidores porque o destruimento salva a floresta. ”

“A natureza está cobrando uma atitude mas energética dos governantes. ”

“Na floresta amazônica tem muitos animais: passarinhos, leões, ursos, etc.”

“A floresta tá ali paradinha no lugar dela e vem o homem e créu. ” (sic)

“O Brasil não teve mulheres presidentes mas várias primeiras damas foram do sexo feminino. ”

“A História se divide em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje. ”

“O nervo ótico transmite idéias luminosas para o cérebro. ”

“Os anaufabetos nunca tiveram chance de voltar outra vez para a escola. ”

Por tudo isso, a melhor chave de ouro para este artigo é dada por um desses “estudantes”, também chamados de “futuro da pátria”:

“O QUE VAMOS DEIXAR PARA OS NOSSOS ANTECEDENTES? ”


J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.

É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras.

[email protected] – www.jboliveira.com.br