Juizeco e Chefete…
A estes dois termos recorreu recentemente o presidente do Senado – e do Congresso Nacional – Renan Calheiros, para referir-se ao juiz federal de primeiro grau Vallisney de Souza Oliveira e ao ministro da justiça Alexandre de Morais. A reposta política ao pronunciamento veio de duas fontes.
O presidente da Associação dos Juízes Federais Roberto Veloso retrucou: “É inaceitável que numa democracia haja esse tipo de tratamento entre os membros dos poderes. Da mesma maneira que um senador é membro do Poder Legislativo, um juiz é membro do Poder Judiciário. Devem se respeitar mutuamente; é isso que esperamos do presidente do Senado Federal”.
E a ministra Carmen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, arrematou: “Todas as vezes que um juiz é agredido, eu e cada um de nós juízes é (sic) agredido e não há a menor necessidade de, numa convivência democrática, viva e harmônica, haver qualquer tipo de questionamento que nãos seja nos estreitos limites da constitucionalidade e da legalidade”.
De minha parte, vou ao aspecto gramatical, uma vez que os tais vocábulos causaram estranheza…
Renan Calheiros usou o Grau Diminutivo do Substantivo em sua fala. O diminutivo pode ser analítico – quando formado com a ajuda de um adjetivo – ou sintético – pela junção dos sufixos INHO ou ZINHO. Assim sendo, no primeiro caso as expressões seriam JUIZ PEQUENO e CHEFE PEQUENO. No segundo, JUIZINHO e CHEFINHO ou CHEFEZINHO…
Entretanto, ao lado dessas formas populares, há as eruditas, formadas com sufixos mais raros e incomuns, entre eles ECO (jornaleco, livreco) e ETE (ramalhete, palacete). Foi desses que o senador se valeu para, do alto de sua imponente cadeira de chefe do Poder Legislativo, expressar sua pouca consideração aos dois outros Poderes da República, definidos no artigo 2º da Constituição como “Independentes e HARMÔNICOS entre si”!
O interessante, porém, é que o diminutivo nem sempre tem sentido pejorativo, negativo! Nós, brasileiros – em nossa linguagem afetiva – o usamos da melhor forma quando, com carinho, falamos benzinho, amorzinho, amoreco…
Mas certamente não foi nesse sentido que o manejou Renan Calheiros… pelo menos em relação àqueles dois representantes da trilogia republicana brasileira!
J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.
É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras.
[email protected] – www.jboliveira.com.br