Ataque à moeda imperial

em Heródoto Barbeiro
quinta-feira, 07 de novembro de 2024

Heródoto Barbeiro (*)

A reunião dos países não é apenas para discutir o destino econômico do mundo.

É para avaliar a substituição da moeda, que é amplamente aceita no comércio mundial, por uma nova. Perder a liderança como uma moeda global é entendido como uma perda de prestígio e que se está debilitado diante da nova ordem mundial.

É reconhecer que não mais se lidera a economia mundial como no passado e não mais se tem o reconhecimento internacional  de sua pujança. Movimentação geopolítica pode mudar a principal moeda do mundo.

Os nacionalistas defendem que não há fenômeno no curto prazo que possa desbancar a moeda tradicional do comércio e estocada nos bancos.
Ninguém duvida da importância do país na economia mundial. Sua moeda ainda é a mais importante do planeta por conta do comércio desenvolvido e dos investimentos financeiros que são realizados a partir dela.

A moeda a ser substituída se confunde com a própria história do capitalismo. Circula desde o advento da Revolução Industrial e se globalizou com o crescimento econômico do mundo e a intensificação das relações comerciais e financeiras.

Os principais fatores para isso são um parque industrial poderoso, acumulação de capital elevada, capacidade de investimento e aumento em escala global pela procura de produtos. O lastro aceito para avaliação de uma moeda é o ouro, que está na composição metálica da moeda ou estocado nos cofres do banco nacional.

Os investidores acreditam que, se quiserem, poderão trocar o dinheiro de papel pela quantidade em ouro correspondente ao valor de face do dinheiro. E não existe, há séculos, razão para duvidar disso. No Brasil, essa crença vem desde a época da chegada da família real no Rio de Janeiro. A libra esterlina é a moeda mais importante para a economia mundial até as duas guerras do século 20.

Com o final da Segunda Guerra mundial, o Reino Unido sai bastante debilitado apesar de estar ao lado do bloco vencedor do conflito. Os Estados Unidos ocupam a posição hegemônica entre os países capitalistas. A Guerra Fria que se inicia na década de 1940, além do embate ideológico entre o capitalismo e o comunismo, mostra um confronto entre o dólar é o rublo soviético.

Sob a liderança americana há uma reunião em Bretton Woods, em 1944, que marca a reordenação global com a substituição da libra esterlina pelo dólar americano. Este tem o seu lastro relacionado em ouro. Os países signatários do acordo concordam em atrelar suas moedas ao dólar americano com um limite de variação de 1 por cento.

São criados o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, e do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento, o BIRD. A capacidade de investimentos dos Estados Unidos na reconstrução dos países europeus destruídos pela guerra, o Plano Marshall, consolida a substituição da libra inglesa pelo dólar americano. E a moeda do BRICS?

(*) – É âncora do Jornal Nova Brasil, colunista do R7. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Palestras e mídia training. Canal no Youtube “Por Dentro da Máquina” (www.herodoto.com.br).