Heródoto Barbeiro (*)
A onda conservadora varre a sociedade brasileira.
Ela vem da própria formação do país e ainda é possível ver e sentir a herança patriarcal que remonta a formação da sociedade. Há uma prevalência masculina geral.
Aos homens são dedicados os postos mais importantes, quer no governo, quer no funcionalismo público, quer nas empresas privadas de uma forma geral. Há um machismo ora velado, ora escancarado.
Certas profissões são consideradas eminentemente masculinas. Parte-se do princípio que as mulheres não tem força nem competência para dirigir e liderar um grupo de homens. Estes, por sua vez, sentem-se humilhados por serem liderados por uma mulher.
Essa tradição se perpetua na sociedade brasileira e vez ou outra há um movimento feminino para tentar, pelo menos, uma igualdade de direitos e tratamento com os homens. As manifestações femininas ganham cada vez mais força no mundo.
Os exemplos partem dos países liberal democráticos da Europa e dos Estados Unidos. Há uma reação contra as políticas públicas que querem reduzir as mulheres apenas a geradoras de filhos. Para isso o Estado mantém programas especiais de amparo para as famílias que têm mais filhos, e a propaganda que consolida a submissão da mulher à sociedade patriarcal e machista.
Não se trata de obrigar as mulheres a usarem uma burka, mas torcem o nariz quando há algum tempo elas se apresentam no mercado de trabalho e buscam a independência econômica. Sem ela estão submetidas ao domínio do paí, do marido ou de outro homem qualquer.
Não têm autonomia e as líderes femininas entendem bem esse comportamento, fazem protestos, tentam interferir na condução da vida política e buscam a participação efetiva no mundo artístico. A primeira dama da república do Brasil não deve se misturar com o populacho.
Nem organizar festas nos palácio presidencial com a presença de artistas populares, desprezados pela elite intelectual. Deve se ater ao seu papel de esposa do presidente e procurar não provocar escândalos, ou comportamentos que motivem críticas no Congresso Nacional.
O senador Ruy Barbosa faz um discurso contundente contra ela. Nair de Teffé, mulher do presidente Hermes da Fonseca, educada na França, rompe a barreira ao se tornar caricaturista de revistas que tratam de política. Nem o Águia de Haia escapou de seu lápis.
É uma mulher do início do século 20, que traz para o Brasil a influência do movimento feminino que se espalha pela a Europa. Mesmo depois da morte do marido ela continua apoiando os movimentos revolucionários. Nair, ou Rian, como assina vários trabalhos, participa da polêmica Semana da Arte Moderna de 1922, em São Paulo.
(*) – É comentarista da Record News, R5 e Nova Brasil FM.