A demissão é uma possibilidade real. No entanto, poucos estão preparados para lidar com as consequências de um desligamento inesperado. Estudos recentes indicam que muitos brasileiros ainda não se prepararam adequadamente para uma transição de carreira, seja por falta de planejamento financeiro, atualização profissional ou até mesmo por medo e insegurança quanto ao futuro.
Segundo um levantamento da Robert Half, em 2024, metade dos profissionais no Brasil buscava um novo emprego, seja para melhores condições ou para evitar a obsolescência no mercado – um movimento que, muitas vezes, ocorre tarde demais, quando a demissão já se torna iminente.
De acordo com dados da Catho, cerca de 66% dos profissionais afirmaram que estão em transição ou pretendem estar nos próximos anos. No entanto, poucos realmente dispõem de uma reserva financeira para um período sem renda. Para Jéssica Simões, CEO da Aster (*), pensar em transição de carreira apenas quando o emprego já está em risco pode ser o maior erro entre os profissionais.
“O profissional preparado para a demissão não vive com medo dela, pois sabe que terá recursos e habilidades para seguir adiante”, afirma Jéssica, reforçando a preparação como uma estratégia essencial em um mercado de trabalho em constante mudança.
Jakson Dimas trabalha no setor do luto há sete anos e revela que seu trabalho humanizado é fundamental em um momento tão sensível para as famílias. “Sei que sou um bom funcionário, me dedico e entendo o quanto minha atuação faz diferença. Mas, se eu perdesse essa posição, enfrentaria grandes dificuldades”, afirma. Ele conta que não tem reserva financeira e é o único provedor da casa.
“A primeira coisa que aconteceria seria eu perder a cabeça. Depois, tentaria encontrar algo no mesmo setor”, brinca. Jakson tem uma segunda fonte de renda com uma loja de móveis antigos, mas explica que o retorno é instável e não sustentaria a família por completo. “Além disso, admito que não tenho estudos específicos na área, mas me empenho. Já trabalhei na área veterinária e de combustíveis. Se precisar, faço qualquer coisa”, conclui.
Para entender mais sobre transições de carreira no Brasil, materiais recentes trazem estratégias e insights importantes. O Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) publicou em janeiro de 2024 um guia com etapas fundamentais para uma mudança planejada, destacando a importância do autoconhecimento e da capacitação contínua.
Já a Forbes, em um artigo recente, detalha passos essenciais para quem busca uma nova carreira, incluindo networking ativo e atualização em habilidades tecnológicas. Um estudo da CNN Brasil confirma essa tendência, apontando que 60% dos profissionais estão em busca de novas oportunidades, enquanto uma pesquisa da Forbes revela que 70% das mulheres com mais de 50 anos desejam mudar de rumo profissional.
Jéssica explica que, para uma transição de carreira bem-sucedida, o primeiro passo é construir uma base sólida, começando pelo autoconhecimento e pela estratégia. “O mercado não espera; ele se transforma, e as pessoas precisam acompanhar”, ao destacar que o LinkedIn vai além de um “currículo online” e oferece um espaço dinâmico para comunicar e fortalecer a identidade profissional.
“Construir conexões, compartilhar aprendizados e mostrar habilidades são formas de garantir visibilidade e relevância”, conclui, ressaltando que a plataforma permite desenvolver autoridade profissional, ampliando redes e demonstrando comprometimento com o aprendizado contínuo.
(*) – Especialista em Inteligência de Carreira e Estratégia de Conteúdo é CEO e fundadora da Aster.