O mercado de trabalho enfrenta uma série de desafios que refletem as transformações sociais, tecnológicas, econômicas e demográficas mundiais. Esses desafios impactam tanto os empregadores quanto os trabalhadores, moldando a forma pela qual as empresas operam e pela qual os indivíduos planejam suas carreiras.
“Há uma grande complexidade organizacional que está afetando o modo como as empresas contratam, administram e retêm seus talentos, assim como as pessoas administram sua vida profissional”, diz Claudio Maggieri, general manager para a América Latina na ADP, companhia líder global na área de gestão de folha de pagamentos e gestão de capital humano. “Estamos em uma fase de definição muito importante sobre o futuro do mercado de trabalho.”
Em recente participação no evento Digitalks Expo 2023, o executivo elencou as principais tendências de RH com base em pesquisas recentes da ADP. Confira abaixo:
Ambiente multigeracional
O cenário profissional contemporâneo é composto por uma ampla gama de gerações, desde os Baby Boomers até a Geração Z. Administrar essa diversidade etária traz desafios singulares, mas também oferece a oportunidade valiosa de aproveitar uma variedade de perspectivas, habilidades e vivências. É fundamental para as organizações criar ambientes que estimulem o fluxo livre de ideias entre gerações, fomentando a aprendizagem mútua e impulsionando a inovação.
Formato de trabalho: presencial e híbrido
A pandemia global acelerou de forma sem precedentes a adoção do trabalho remoto e híbrido. Atualmente, dados do ADP Research Institute mostram que 44% das empresas adotam políticas de flexibilidade no trabalho. No entanto, os trabalhadores sentem uma crescente pressão para estar mais presentes nos escritórios, uma vez que as empresas destacam a importância das interações pessoais para a construção da cultura organizacional. Ainda assim, os trabalhadores valorizam a produtividade e a flexibilidade proporcionadas pelo trabalho em casa. A pesquisa People at Work 2023 da ADP aponta que 60% dos colaboradores que atuam no modelo de trabalho híbrido se mostram bastante satisfeitos e 50% dos que atuam presencialmente são os menos satisfeitos.
O desafio agora consiste em encontrar um equilíbrio entre a conveniência do trabalho remoto e os benefícios da colaboração presencial.
Inovação nos pagamentos
Dados do ADP Research Institute ressaltam que metade dos trabalhadores acredita que métodos de pagamento não convencionais dominarão nos próximos anos. Plataformas digitais já são aceitas por 43% dos empregados, enquanto 40% acreditam que as empresas oferecerão a opção de pagamento em criptomoeda na próxima década.
Preocupação com ESG
A crescente atenção às questões ambientais, sociais e de governança (ESG) está remodelando as operações empresariais. Profissionais valorizam não apenas remuneração e benefícios, mas também a missão e os valores das organizações. Empresas que adotam práticas ESG e demonstram compromisso genuíno com diversidade e inclusão têm maior capacidade de atrair e reter talentos, construindo reputações sólidas e sustentáveis no mercado. Não é à toa que números do ADP Research Institute demonstram que aproximadamente 30% dos trabalhadores afirmam que recusariam uma oferta de emprego de uma empresa que não tivesse uma boa reputação em ESG e 38% procurariam outro emprego caso entendessem que sua empresa atual não está fazendo o bastante nessa área.
Trabalho inclusivo e diverso
A diversidade abrange mais do que apenas gênero, raça e etnia; inclui diferentes origens, perspectivas e habilidades. Construir equipes verdadeiramente diversas e inclusivas requer uma mudança cultural profunda, na qual todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas, independentemente de sua procedência. Essa abordagem não só enriquece o ambiente de trabalho, mas também impulsiona a criatividade e a resolução de problemas.
Segundo o ADP Research Institute, cerca de 49% dos trabalhadores acham que a diversidade e inclusão avançou nas suas empresas. No entanto, 19% dos trabalhadores do mundo afirmam sofrer discriminação e 29% acreditam que não são remunerados de forma justa por razões discriminatórias. Ainda: 76% dos trabalhadores dizem que considerariam procurar outro emprego caso descobrissem que sua empresa tem práticas salariais discriminatórias ou não inclusivas.
Igualdade de gênero e transparência
A maioria das organizações reconhece que as desigualdades salariais entre homens e mulheres têm custos elevados. O recrutamento, a retenção e a reputação da marca são afetados quando uma organização não paga de forma justa, e o negócio também pode estar sujeito a contestações legais. Além disso, as organizações líderes reconhecem que garantir a diversidade e a inclusão a todos os níveis melhora o desempenho empresarial, enquanto muitas trabalham para a mudança simplesmente com base nos fundamentos morais da questão.
As pesquisas da ADP indicam que 48% acreditam que sua empresa evoluiu na igualdade de gênero. Mas ainda há muito a ser realizado nessa questão. Em todo o mundo, dois terços dos trabalhadores, incluindo homens e mulheres, acreditam que sua empresa deveria ser transparente e relatar a disparidade salarial. Esse índice chega a 70% entre aqueles com menos de 44 anos.
“A flexibilidade do trabalho, a convivência entre várias gerações e a ênfase crescente na responsabilidade corporativa e na igualdade, diversidade e inclusão estão remodelando as operações empresariais e as trajetórias de carreira individuais. Adaptar-se a essas mudanças requer uma abordagem abrangente, na qual as organizações promovam a colaboração, adotem práticas ESG robustas e construam culturas verdadeiramente inclusivas. Aqueles que navegarem com sucesso nessas mudanças estarão bem posicionados para prosperar em um cenário de trabalho em constante evolução”, finaliza Maggieri.