Lucas Barbosa Santos (*)
Em 2019, cheguei à Flórida com minha família com o intuito de abrir uma filial da minha empresa brasileira. Pouco tempo depois, fui surpreendido pela pandemia de Covid-19. Optamos por comprar uma casa e nos estabelecer de vez nos EUA, mas a experiência insatisfatória da compra me motivou a estudar o mercado imobiliário americano, assim em 2022, obtive minha licença de corretor.
O mercado imobiliário americano é altamente regulado e exige conhecimento detalhado das legislações federal, estadual e municipal. Uma peculiaridade é a necessidade de dois corretores em cada transação: um representando o comprador e outro representando o vendedor.
O corretor do vendedor publica os imóveis no MLS (Multiple Listing System), um sistema exclusivo que funciona como um banco de dados centralizado onde corretores de imóveis podem listar propriedades disponíveis para venda. Esse sistema é acessível apenas para profissionais licenciados, garantindo a precisão e a confiabilidade das informações.
Compreender a cultura dos Estados Unidos é fundamental. No Brasil, as negociações costumam ser bastante incisivas, mas essa estratégia não é eficaz com os americanos. Uma oferta extremamente baixa pode ser vista como uma ofensa e, em alguns casos, pode levar à interrupção da negociação.
Oferecer um serviço de qualidade exige conhecimento profundo do mercado local, bem como uma compreensão das alternativas de financiamento. É essencial orientar os clientes sobre como realizar um bom investimento em dólar e se familiarizar com as leis que regem o setor imobiliário.
Tornar-se corretor nos EUA requer completar um curso de pré-licenciamento de 63 horas, enviar uma aplicação ao DBPR (Departamento de Negócios e Regulamentação Profissional da Flórida), passar por um exame de antecedentes criminais e no exame de licenciamento estadual. Depois, é necessário ativar a licença com a DBPR e se associar a uma imobiliária licenciada, além de completar um curso de pós-licenciamento de 45 horas nos primeiros 18 a 24 meses.
As oportunidades no mercado americano são vastas, especialmente devido ao grande número de investidores estrangeiros. Em 2022, houve aproximadamente 567 milhões de transações de imóveis residenciais nos EUA, comparadas a cerca de 807 mil no Brasil, destacando a magnitude das oportunidades no setor.
Vejo o setor crescendo nos próximos anos, com imóveis ainda acessíveis e atraindo muitos investidores, especialmente em áreas turísticas.
(*) – É Advogado e corretor imobiliário na Flórida (https://www.kw.com/pt-br/).
