Heliomar Quaresma (*)
Um filme passa à memória quando rememoramos o passado.
Analisamos as situações, os êxitos, os fracassos, o porquê de algo ter dado certo e os motivos para o que frustrantemente não se concretizou como o planejado.
A vida, por mais que tentemos, é incontrolável. A soma da sucessão de eventos e seus efeitos levam a situações que, por mais que nos esforcemos, fogem às nossas expectativas e previsões. Mas o planejamento serve para que possamos alcançar, apesar dos percalços, nossos objetivos, sejam eles pessoais ou das organizações que nos encontramos.
2016 foi mais difícil do que poderíamos prever. Por mais que as análises da conjuntura pudessem especular sobre os rumos do país e da economia, a realidade se mostrou mais trágica e complexa que as piores previsões.
Mas, se por um lado o aparente caos se instalou sobre nosso querido país, de outra sorte passamos por dias de profunda transformação que terá, sem dúvida, impactos estruturantes em nossa cultura nacional, no nosso modelo mental e forma de fazer política e mover o sistema, notadamente marcado pela corrupção e financiamentos de campanhas ilícitos, em que entes públicos e privados, políticos e empresários, convivem em uma simbiose perversa que aflige e impõe sofrimento ao povo brasileiro.
Em 2016, desemprego e incertezas abateram a população. Uma crise como antes eu não havia vivenciado se instalou sobre as famílias da nação tupiniquim. O pior cenário não havia sido imaginado nas nossas mais pessimistas avaliações conjunturais. Mas, mesmo com todo esse sofrimento, vislumbramos a esperança.
Ao lançar um olhar sobre o futuro, percebemos as inúmeras possibilidades de crescimento, com pessoas mais capacitadas, organizações mais fortes, adaptadas e os cidadãos mais participativos, ativos, alertas e confiantes em uma transformação profunda na sociedade brasileira.
Se o governo que aí está não foi o escolhido e sofre de grande rejeição, essa mesma impopularidade pode ser o mecanismo para que a coragem de seguir com as reformas necessárias seja levada à diante, verdadeiramente, e não como bandeiras ilusórias de campanhas políticas manipuladores e inverídicas.
Por isso, os anos vindouros enchem meu coração de esperança e fé em um futuro glorioso para nosso país, onde as pessoas serão cada vez mais respeitadas, a fraternidade a base das relações e a ética arraigada nas relações entre os poderes e setores da sociedade.
Um belo futuro nos espera se fizermos nossa parte hoje.
(*) – É presidente da IBE-FGV.