Matheus Vieira Campos (*)
A era digital tem transformado cada vez mais os hábitos das pessoas.
As formas como se relacionam, se deslocam e até mesmo consomem produtos de entretenimento já não são as mesmas de 20 anos atrás. Em um cenário de mudanças constantes, é inevitável que a nossa relação com o dinheiro também seja repensada. O surgimento das criptomoedas talvez seja a maior inovação nesse sentido.
O Bitcoin, o pioneiro, surgiu em 2008 com o objetivo de oferecer aos usuários mais praticidade em suas transações financeiras, uma vez que não necessita do intermédio de bancos. Ele é construído por códigos criptografados, que possuem valores monetários e podem ser trocados por dinheiro convencional.
A ampla aceitação no mercado é uma de suas grandes vantagens.
A tecnologia do blockchain, utilizada na operação das moedas digitais, registra todas as operações realizadas, conferindo mais segurança e privacidade. Além disso, os usuários contam com a descentralização do poder operacional, que fica nas mãos de diversos mineradores diferentes. No entanto, a utilização dessa tecnologia não é uma unanimidade.
Os mais céticos criticam a alta volatilidade de cotação das criptos, as variações nos níveis de valorização, a falta de segurança jurídica e a possibilidade do surgimento de bolhas financeiras. O Banco Central chegou a se manifestar por meio de um comunicado oficial, afirmando que a comercialização de moedas virtuais “está sujeita a riscos imponderáveis, incluindo a perda de todo o capital investido”.
As criptomoedas passaram por muitos altos e baixos ao longo de sua história. Em 2017, a valorização do Bitcoin foi de US$ 1 mil a US$ 20 mil, segundo a Bloomberg, empresa especializada em dados do mercado financeiro. No entanto, após uma série de acusações de fraudes em 2018, ela sofreu uma forte queda, chegando a US$3 mil.
Apesar disso, a expectativa dos especialistas é que essa nova modalidade de transação financeira ganhe força nos próximos anos, principalmente no Brasil. Em 2019, com a intenção de combater a sonegação e evitar movimentações ilícitas, a Receita Federal passou a exigir notificação de todas as operações com moedas digitais realizadas no país.
Nos primeiros dois meses, as operações comunicadas somaram mais de R$13 bilhões. Segundo dados do órgão, foram 1,5 milhões de notificações em agosto, e mais de 900 mil em setembro.
Enquanto uns defendem tratar-se do dinheiro do futuro e outros alertam para a possibilidade de fraudes e prejuízos, a discussão em torno das moedas virtuais sinaliza consenso.
Não há quem discorde que era digital tem transformado as demandas da sociedade. Quem tiver o desejo de prosperar, deve ser capaz de se adaptar.
(*) – É coordenador regional da Câmara Americana de Comércio de Belo Horizonte (Amcham-BH).