Pedro Signorelli (*)
A transição de carreira é sempre um tema que gera dúvidas e divergências de opiniões entre as pessoas, principalmente porque, enquanto alguns acreditam ser arriscado demais e que não vale a pena dependendo da idade, outros pensam que apostar em uma transição de carreira, independentemente do período, pode ser a melhor escolha a se fazer. Quem tem razão nessa história?
A resposta é simples: ninguém. Acredito que é importante deixar claro que quando falamos de transição de carreira, não existe um “certo ou errado”. Afinal, cada trajetória é única e exclusiva, não podemos fazer comparações, pois o que é bom para mim, pode não ser bom para você e vice-versa. Cada jornada tem particularidades e que precisam ser respeitadas, não julgadas ou criticadas.
Citando um exemplo pessoal, eu sou engenheiro de formação, atuei na primeira empresa por 10 anos e sempre me imaginei passando vários anos nessa empresa, e nas outras por onde passei, até que decidi mudar radicalmente de área. Abri meu próprio negócio, me tornei um empreendedor. Não posso dizer que não foi arriscado, mas a realidade é que sempre temos algum tipo de risco quando tomamos uma decisão importante.
Não possuímos uma bola de cristal, então não dá para saber 100% se vai dar certo, mas devemos acreditar e fazer valer a nossa escolha. Como diz Uri Levine, fundador do Waze, no livro ‘Fall in love with the problem, not the solution’, se você não estiver disposto a abrir mão de uma situação financeira confortável, você não quer o suficiente. Eu decidi querer e mergulhei de cabeça.
Porém, para fazer isso com maestria, você precisa estar ciente do prós e dos contras da nova área que deseja entrar, como é o mercado e quais são as possibilidades de trabalho. Muitas vezes, idealizamos uma determinada profissão, porque parece ser legal ou porque o salário é bom, mas esquecemos de avaliar outros fatores que podem ser fundamentais na nossa escolha e que podem pesar depois.
Além desse ponto, é essencial estudar e se preparar antes de começar a se candidatar a novas oportunidades de trabalho em uma área diferente. O ideal mesmo é buscar uma se qualificar, seja por conta própria ou por instituições de ensino, para chegar com um conhecimento prévio dos assuntos, tentando minimizar as surpresas desagradáveis ao longo do caminho.
Essas ações vão fazer com que a sua transição de carreira seja menos dolorosa, aprendendo com eventuais erros que podem surgir, o que também é normal. Claro que você não precisa saber tudo, pois estará começando em um novo segmento, mas demonstrar que já está por dentro é bastante positivo, se mostrando apto para aprender e disposto a encarar os novos desafios que virão.
De forma geral, acho que temos consciência de que mudar de carreira não é fácil e requer coragem. Muitos acham que está relacionado a idade e até acredito que possa ser menos “complicado” para os mais jovens, já que o mercado apresenta um grande problema de etarismo e está quase sempre buscando por profissionais com idades menores, o que torna essa transição para alguém mais velho muito mais ameaçadora.
No entanto, é difícil para todos nós. A transição de carreira não acontece da noite para o dia, sendo necessário esforço para que dê certo. E respondendo a pergunta do título: é uma boa ideia? Pode ser que sim e pode ser que não, você precisará decidir com base nas suas metas profissionais e onde está atualmente, considerando seu grau de felicidade e o quanto sua situação atual atende seus objetivos.
Seja em uma única carreira ou em uma nova, faça valer a pena a sua função no trabalho e aprenda a priorizar o que lhe faz bem.
(*) – É especialista em gestão, com ênfase em OKRs (http://www.gestaopragmatica.com.br/).