Alexandre Pierro (*)
Muito tem se falado sobre inovação. Mas, como realmente colocá-la em prática?
Antes de mais nada, precisamos entender o que é inovação e quais são suas vertentes. O tema anda tão em evidência que já existe até uma norma ISO de inovação, a 56.002. E, segundo ela, inovação é o ato de mudar ou alterar as coisas, introduzindo novidades que gerem diferencial em um produto, processo ou mesmo em uma empresa. Na gestão, a inovação tem o objetivo de melhorar a companhia.
São práticas que buscam cultivar ideias para gerar resultados, com base na solução de problemas, viabilidade econômica e sustentável e lucro financeiro para a empresa. Basicamente, existem dois tipos de inovação: Incremental: ela representa pequenas melhorias em algo que já existe.
Por exemplo, a Google está sempre melhorando seus algoritmos, trabalhando em cima de algo que já existe, sem mudar nada drasticamente. É essa a ideia, mudar partes para melhorar o todo, crescendo aos poucos. Por vezes, vemos uma grande mudança em decorrência de várias pequenas alterações, mas isso não é uma regra. Esse tipo de inovação é focada no aprimoramento e demanda muito mais atenção ao cotidiano.
. Disruptiva: essa é a inovação que ficou famosa e vem ganhando manchetes na mídia. Trata-se de uma quebra de paradigmas, uma coisa completamente nova, que muda drasticamente o que existia antes. Um bom exemplo são os aplicativos de táxi, que simplesmente acabaram com o velho hábito de estender a mão para chamar um motorista.
Obviamente, uma inovação disruptiva pode surgir de uma série de inovações incrementais, mas ela também pode surgir do zero. Todos parecem se encantar com esse tipo de inovação, mas ela demanda uma cultura muito mais criativa e mentes mais aguçadas. A partir desses tipos de inovação, temos dois métodos que se desdobram deles:
. Inovação fechada: o trabalho se foca em quem já está na empresa, os funcionários. A Apple costuma trabalhar muito assim, pois eles têm um departamento focado em inovar desde muito tempo. Por vezes, outros departamentos nem sabem o que se está sendo feito, devido ao alto sigilo. Eles buscam inventar algo que pertença exclusivamente à empresa.
. Inovação aberta: nesse formato, a empresa busca ajuda de quem é de fora, como clientes, consultorias, entidades de classe, etc. Estes trazem inputs para ajudar no desenvolvimento de inovações. As informações são compartilhadas e produzidas em conjunto. Os métodos podem servir a ambos os tipos de inovação. A técnica aberta lembra muito o modo de produção da China, que culturalmente não se incomoda com cópias de seus produtos. Eles buscam a competição através da melhoria constante.
Para eles, copiar é uma honra, uma homenagem, que reconhece a qualidade do que foi copiado, bem diferente do mindset ocidental que enxerga isso como um plagio e não como uma “homenagem”. Já o método fechado, lembra mais o estilo ocidental, onde o registro de patentes que garantam o monopólio daquele mercado parece a fonte mais segura de dar continuidade à empresa.
Não há jeito melhor ou pior. Há aquele que mais se adapta à sua empresa. Essas metodologias servem como guias para escolher uma maneira de enxergar a gestão. Ambos trazem resultados. Basta entender o que você precisa e como quer progredir daqui para frente. Não há antagonismo, e sim progresso paralelo.
Em inovação, o único erro é ficar de braços cruzados.
(*) – É engenheiro mecânico, bacharel em física aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gestão da qualidade e inovação (www.gestaopalas.com.br).