Henrique Mendes (*)
De acordo com a Associação Brasileira de Startups e a Startupbase, hoje, no Brasil, existem mais de 12 mil startups.
Elas refletem um conceito que se firmou no país na última década: as startups chegaram para inovar de maneira ágil, tornando a vida da população cada dia mais fácil. Dentro delas, temos as ramificações: fintechs, agrotechs, edtechs, entre outras. Esse conceito está tão arraigado no mundo corporativo que grandes companhias querem incorporar, trazendo essa proposta ágil e jovem, como se essa fosse a receita de um bolo perfeito de sucesso.
O que alguns empreendedores e investidores ainda perceberam é que não existe uma ideia pronta que seja garantia de louvor, da forma como o mercado tem encarado as “inovações”. Muitas startups nascem e morrem dentro de um período de três a cinco anos. A lição que fica? Ter uma boa ideia nem sempre é o suficiente para sustentar os negócios, é preciso mostrar o seu diferencial, ter um plano estruturado e, claro, saber lidar com os desafios e dificuldades sem desistir.
Quando o Facebook surgiu, já existiam sites de relacionamento que tinham a mesma função; a Amazon veio depois do eBay. A diferença é que estas empresas se inspiraram a trazer algo novo, elas dedicaram tempo pesquisando e estudando o mercado de seus consumidores para entender o que eles precisavam, as reais necessidades e como podiam fazer isso de maneira que fosse simples para os usuários, sem seguir uma tendência já pronta.
Com isso, observando empresas que hoje reinam em seus segmentos e fazem sucesso, fica claro que apenas “nascer” uma startup não é garantia de sucesso. Falando de pontos que merecem atenção, uma das formas mais rápidas de falhar ainda nos primeiros meses é ficar preso à mecânica do produto ao invés de atender à demanda e a explorar as razões para que aquele produto exista.
Outro ponto que merece atenção é o tão sonhado feedback positivo que pode enganar muitos empreendedores iniciais. Ouvir elogios é bom, mas alguns cometem o deslize de acharem que não precisam mais inovar nos seus produtos, afinal, em time que está ganhando não se mexe, certo? Porém, o mundo está em constante transformação e aquilo que você oferece precisa acompanhar as necessidades dos consumidores.
É como ouvir de um possível investidor que seu produto é excelente, mas não é instigante o suficiente para ele apostar na sua empresa. Aqui, o contrário também é válido! Muitos investidores terão interesse na sua empresa se você fizer o produto de maneira x ou ampliar para o público y. Nessa hora, é preciso ter muita confiança e conhecimento do seu público para deixar claro a quem se destina e, se for o caso, agradecer o interesse e negar a oportunidade.
Investimento é outra questão de suma importância. Geralmente falamos que uma startup busca aportes, investidores, etc, mas antes de tudo, elas precisam começar por si próprias! E não estamos falando em coisas básicas de escritório, mas sim de tecnologia. Elas não são baratas, mas não são em vão! Se limitar estas ferramentas, os problemas que elas poderão causar no futuro custarão muito dinheiro.
Como é possível perceber, não basta acordar com uma boa ideia e “fundar” uma startup, é preciso pensar mais à frente, para aquilo que move essas empresas: a inovação.
(*) – É CEO da Nutrebem, fintech de conta digital para cantinas escolares com acompanhamento nutricional.