Alberto Pardo (*)
A palavra “dados” nunca esteve tão em evidência como hoje. Para muitos especialistas vivemos a Data Economy.
No mercado de publicidade digital não há dúvidas de que os dados são a moeda mais valiosa. É justamente a partir da reunião de vários dados e cruzamento entre eles que é possível tornar a comunicação mais eficiente, personalizada e precisa, de acordo com o comportamento da audiência.
É curioso que falamos muito em Data Economy, mas até o momento, ao menos no mundo da publicidade, apenas as empresas têm tirado proveito economicamente dos dados e as pessoas comuns, as verdadeiros proprietárias dessas informações, ainda estão alijadas deste processo.
Apesar deste cenário, nos últimos anos, no entanto, é possível observar um forte avanço, ao menos no âmbito regulatório, na direção de proteger os dados dos usuários e reconhecê-los com um elo fundamental da economia digital. Os principais exemplos, são as novas legislações, como a GDPR na Europa, e mais recentemente a LGPD, no Brasil.
É nítido o movimento em prol dos usuários e em minha visão este é um caminho sem volta, que apesar de ainda estar no início tende a se tornar cada vez mais profundo. Diante deste contexto, acredito que a consciência das pessoas em assumirem a propriedade de seus dados seja o próximo passo para a transformação da indústria, especialmente a de publicidade digital.
De forma simplista, se de alguma forma, os meus próprios dados contribuem para uma melhor entrega de determinado anúncio, ampliando a precisão e consequentemente a otimização de recursos, e isso resulta em benefício financeiro para o anunciante, empresas e agências envolvidas na transação, seria justo que eu também recebesse uma fração desse montante.
Ao meu ver é nesta direção que o mundo da publicidade digital deve seguir. Ao se tornarem mais conscientes do valor e importância dos dados pessoais para o mercado, os usuários começarão a exigir receber algo em troca para aceitar o uso dessas informações, podendo ser um retorno financeiro ou outros benefícios equivalentes.
O avanço da tecnologia blockchain, com sua capacidade única de rastreabilidade, sem dúvida será fundamental para viabilizar este conceito na prática ao permitir identificar a precisa relação entre a contribuição efetiva dos dados de cada indivíduo para a exibição de cada anúncio no ambiente digital.
A tarefa é árdua e exige uma quebra de paradigma no ecossistema da publicidade digital como um todo. Afinal, nunca é simples tirar o pedaço do bolo de alguém. Por outro lado, talvez não houvesse bolo, não fossem os ingredientes (dados).
E você, já parou para pensar quanto vale sua carteira de dados?
(*) – É CEO e fundador da Adsmovil.