J. A. Puppio (*)
A crise no Brasil não foi provocada pelo povo brasileiro.
A população sabe que a crise foi planejada e trabalhada pelos políticos incompetentes, que usaram dinheiro do povo para satisfazer as próprias vontades.
Não é problema de arrecadação, todos sabemos que o Brasil foi roubado, mas o que ainda está difícil de desvendar é quem ficou com o dinheiro, quantas pessoas, afinal, foram beneficiadas com os desvios e corrupções pelas quais o Brasil, ainda passa, diariamente.
Aliás, se falarmos em arrecadação, o Brasil é um dos países que mais arrecada no mundo, isso por conta de seus altos impostos que, raramente, são repassados para os lugares onde realmente deviam chegar. Outro ponto também importante e que nós, povo, ainda não conseguimos fazer as contas é de quanto cada órgão público perdeu durante esses roubos.
Os rombos que ficaram nas organizações que deviam ter o máximo cuidado com nosso dinheiro são grandes incógnitas e a única certeza que temos é que somos nós que pagamos as contas. Alguns exemplos dessas dúvidas são o total perdido pela Petrobrás, pela Eletrobrás, qual foi o prejuízo que esses órgãos perderam e para onde e/ou quem foi o dinheiro roubado.
Do mesmo jeito, quais foram os prejuízos dos fundos de pensões como o dos Correios, do Banco do Brasil, Caixa Econômica e do BNDES, e quem foi o beneficiário do dinheiro do rombo. O povo também não sabe quantos assessores os deputados, senadores, governadores, prefeitos têm e em quais órgãos estes assessores estão alocados e quanto ganham.
Tudo que se utiliza do dinheiro do povo precisa ser esclarecido, mas não é possível oferecer o poder da verificação ao povo, uma vez que ainda existem muitos ladrões desconhecidos e outros tantos com poder para julgarem os corruptos já apresentados.
Enquanto o poder do dinheiro do povo parar nas mãos dos ‘propineiros’ não ficaremos sabendo de verdade. Não teremos como descobrir para onde e como serão gastos os tantos reais que pagamos em impostos. Não será possível descobrir quantos são corruptos enquanto todas as esferas estiverem envolvidas de alguma forma nos esquemas que assolam o país.
Vejam outro exemplo de dinheiro que ninguém sabe de onde vem e muito menos para onde vai, a Mega Sena, que ainda não investigada e é uma das maiores incógnitas do nosso sistema.
Por fim, temos de deixar clara nossa insatisfação com a situação do Brasil, mas temos também que ir atrás de resoluções e não apenas ficar nos lamentando nas rodas de conversa, o dinheiro é nosso e a cobrança também precisa ser!
(*) – É empresário e autor do livro “Impossível é o que não se tentou”.