Gilberto Camargos (*)
O ano era 2017. Um momento de ‘boom’ do mercado brasileiro de energia solar, com taxas de crescimento que variavam de 200 a 300% ao ano!
Essa curva de crescimento teve seu ápice em 2022 – foi um ano em que este setor vendeu mais do que nunca, muito em função da pressão provocada pela Lei 14.300, que instituiu o marco legal da microgeração e minigeração distribuída, o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE) e o Programa de Energia Renovável Social (PERS), assim como o início da cobrança do Fio B – tarifa regulamentada pela Aneel destinada a cobrir os custos de infraestrutura da concessionária.
Porém, o cenário mudou: um mercado que, até então só apresentava crescimento exponencial, teve uma queda brusca e com efeitos devastadores – caiu em torno de 80% no 1º semestre de 2023. Mas a retomada já começou no 2º semestre daquele ano e, em seis meses, o mercado praticamente quase repetiu o ano de 2022.
Diante disso, obviamente que 2023 causou muitos impactos e, um dos principais, foi a queda em torno de 50% no preço dos módulos fotovoltaicos e isso impactou o negócio de todos, principalmente de distribuidores e integradores. Os distribuidores foram os que mais sentiram, porque tinham uma estrutura operacional que foi construída para funcionar no cenário em que o produto tinha um custo.
Mas, com a queda dos preços dos módulos, o faturamento dos distribuidores caiu pela metade e, por isso, todos passaram por um processo de reestruturação e, infelizmente, alguns acabaram paralisando suas atividades. Então, 2024 foi um ano de ajustes, em que o setor precisou ‘organizar a casa’ e se preparar para as novidades que começaram a chegar ao Brasil e serão as principais impulsionadoras da retomada de crescimento desse setor.
Nesse cenário, estão os sistemas híbridos de energia solar, com a capacidade de produção energia e também de armazená-la, por meio dos inversores híbridos e baterias. E, com a expansão da inversão de fluxo para outros estados e a maior incidência de apagões, este mercado deve ter um crescimento exponencial a partir de 2025.
Acredito que, já no próximo ano, o crescimento do setor de inversores híbridos e baterias fique em torno de 30 a 40%. Mas será que o setor como um todo está preparado para receber essa oportunidade de expansão dos negócios? Esse o X da questão: o principal desafio do setor para 2025 e para os próximos anos será o da qualificação profissional.
Com a chegada dos sistemas de baterias e armazenamento, novamente vem à tona a necessidade de qualificação dos profissionais – os integradores. São eles que atendem o varejo e não é tão simples vender as baterias. Por isso, a qualificação será uma necessidade vital, caso contrário, veremos uma enxurrada de empresas e profissionais saindo do mercado.
Quem não se preparar, não buscar a qualificação, quem não entender as novas dinâmicas do mercado, serão ‘colocados para fora’. Contudo, isso não quer dizer que o mercado ficará ruim, muito pelo contrário, o mercado é extremamente promissor.
Mais do que nunca, o mercado de energia solar (energia renovável) está se consolidando, passando por um processo de amadurecimento e, com isso, todos precisarão se preparar.
(*) – É diretor-executivo da SolaX Power (https://br.solaxpower.com/).