Rodrigo Dessaune (*)
A adaptação ao mundo digital nunca se fez tão presente e necessária em nossas vidas.
Por conta da pandemia que atinge o Brasil há mais de um ano, o espaço físico de atuação das empresas se ampliou, com funcionários espalhados pelo país em suas casas em esquema de home-office. Essa fragmentação de onde é feito o trabalho ocasionou também um aumento exponencial dos ciberataques, cada vez mais variados e difíceis de serem pegos.
Em janeiro deste ano tivemos o susto de descobrir que dados (como CPF, números de celular e de benefícios como o Bolsa Família, por exemplo) de mais de 221 milhões de brasileiros, inclusive pessoas já falecidas, foram vazados na web e vendidos por e para cibercriminosos.
Ainda sobre a venda de dados sensíveis nas camadas mais profundas da internet, como a deep e dark web, foi detectada no final de março uma campanha de phishing de senhas que afetou mais de 500 mil pessoas, de órgãos federais, estaduais, empresas privadas e setores da indústria, entre outros.
A necessidade de segurança da informação reforçada, para empresas e também para pessoas físicas, é urgente. Dados do MIT, publicados no Journal of Data and Information Quality, mostram um assustador crescimento de 493% nos vazamentos de dados no Brasil. Ainda falando sobre nosso país, ele lidera uma lista com outros 64 países em número de vazamentos de dados de cartões de crédito e débito.
Mas como podemos mudar essa realidade? O caminho, que apenas agora começa a ser mais seguido no Brasil e no mundo, é o investimento e capacitação em profissionais da segurança da informação. Em maio de 2020, o ISC (Intelligence Service Center) mostrou que o mundo inteiro contava apenas com 2,8 milhões de profissionais em cibersegurança, com o gap entre profissionais/empresas aqui na América Latina sendo de 600 mil.
No Brasil, mesmo com esses altos índices de ataques virtuais, a adesão ainda é baixa. Segundo a pesquisa “Percepção do Risco Cibernético na América Latina em tempos de COVID-19”, feita pela consultoria de riscos e seguros Marsh, 56% das empresas nacionais afirmaram gastar menos do que 10% de seu orçamento de TI com cibersegurança.
Ainda que a procura por esse tipo de profissional esteja crescendo nos últimos tempos, pelos motivos já citados, de aumento de ataques virtuais e necessidade segurança digital reforçada, a oferta profissionalizante ainda está longe do ideal. São poucas as universidades no Brasil que oferecem Graduação em Segurança da Informação, o que faz com que muitos desses profissionais sejam autodidatas, ou usem outras certificações para trabalhar.
O investimento em capacitação e contratação de especialistas em segurança digital traz mais confiança ao ambiente de trabalho. Ainda de acordo com a ISC, para que as empresas no mundo tenham equipes fortes em segurança da informação, o aumento do número de profissionais nessa área teria que ser de 145%.
Olhar com atenção a essa área do mundo digital é o caminho para um melhor e mais seguro uso do espaço virtual, que se tornou parte indissociável da nossa rotina, seja pessoalmente ou no trabalho. Hoje em dia, toda empresa quer e precisa de um profissional de cibersegurança para poder chamar de seu.
(*) – É CEO da ISH Tecnologia (https://ish.com.br).