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Por que as empresas fecham suas portas

em Artigos
quinta-feira, 14 de março de 2024

Leandro Olímpio (*)

Com certeza, em algum momento da sua rotina, você já se deparou na Tv ou no Streaming com algum reality show que tem como promessa principal resgatar negócios que estão à beira do colapso. Seja no Brasil, ou em qualquer outra parte do mundo, a receita é muito similar.

O especialista chega ao empreendimento, encontra uma infinidade de falhas operacionais e de processos, e após muitos conflitos, drama e incertezas típicas de um programa feito com a missão de entreter o público e mostrar a “realidade”, o especialista conclui sua missão depois de realizar algumas mudanças no uniforme dos funcionários e na fachada do estabelecimento.

Apesar de ser um programa criado com a missão exclusiva de capturar a atenção do público, com histórias emocionantes de empreendedores lutando para salvar suas empresas, esse modelo me remete a uma reflexão um tanto quanto mais profunda e séria sobre o nosso ecossistema de negócios. Não vamos entrar no mérito da qualidade e legitimidade dos programas, pois o intuito deles é apenas trazer entretenimento e audiência para o público, gerando uma solução rasa qual uma colher de sobremesa para o empreendedor.

Os programas de TV podem até proporcionar uma melhoria momentânea nos negócios apresentados, mas raramente abordam as questões fundamentais que levaram essas empresas à beira do abismo. Afinal, o que leva uma empresa a fechar suas portas não são apenas problemas pontuais de gestão ou falta de investimento financeiro, como a maioria dos empreendedores acredita.

Em alguns casos, inclusive, os negócios apresentam ótimo faturamento e são geridos por profissionais com boa qualificação profissional. Mas, há questões mais profundas e estruturais que permeiam o ecossistema de negócios no Brasil. Em primeiro lugar, é importante reconhecer que o ecossistema de negócios brasileiro enfrenta uma série de desafios estruturais que dificultam o crescimento e a sobrevivência das empresas.

A burocracia excessiva, a carga tributária elevada, a falta de infraestrutura adequada, a baixa qualificação dos empreendedores, e a instabilidade política são apenas algumas das barreiras enfrentadas pelos empreendedores brasileiros. Além disso, o ambiente de negócios no Brasil muitas vezes carece de inovação e criatividade.

Enquanto em outros países, como os Estados Unidos e China, a cultura empreendedora é celebrada e incentivada desde cedo, no Brasil ainda prevalece uma mentalidade conservadora e avessa ao risco. Isso se reflete na baixa taxa de investimento em pesquisa e desenvolvimento, na falta de incentivo à educação empreendedora e na escassez de políticas públicas voltadas para o estímulo à inovação.

Outro aspecto crucial é a qualidade da gestão e liderança nas empresas. Muitos empreendedores no Brasil ainda carecem de habilidades de gestão básicas, como planejamento estratégico, análise de mercado e gestão financeira. Além disso, a resistência à mudança e a falta de visão de longo prazo também contribuem para o fracasso de muitas empresas.

Portanto, ao analisarmos os motivos que levam uma empresa a fechar suas portas, é essencial olharmos para além dos problemas superficiais e reconhecermos os desafios estruturais e culturais que permeiam o ecossistema de negócios no Brasil. Enquanto não abordarmos essas questões de forma abrangente e sistêmica, continuaremos a ver empresas sucumbindo aos desafios do mercado.

É hora de repensarmos o modelo de negócios brasileiro e investirmos na criação de um ambiente mais favorável ao empreendedorismo e à inovação. Só assim poderemos construir um futuro mais próspero e sustentável para as empresas brasileiras. Enquanto nos contentarmos apenas com políticas vazias e “pinturas na fachada”, continuaremos sendo um país de mão de obra barata, e sendo na mesa das crianças quando o assunto é empreendedorismo e inovação.

(*) – É CEO & Founder da Olímpio Business Consultancy (https://www.linkedin.com/company/olimpiobusinessconsultancy/).