Daniel Fazoli (*)
O setor de eventos, que engloba desde grandes feiras de negócios até festas sociais, foi um dos mais afetados durante a pandemia do Covid-19.
Em uma pesquisa do Sebrae realizada em meados de abril, 62,9% dos mais de 2.700 empresários do setor relataram queda no faturamento entre 76% e 100%, em comparação com o mesmo período de 2019. Para reagir, quase metade dos entrevistados disseram que estavam tentando adequar o seu modelo de negócios ao “novo normal” para continuar funcionando.
Entre as principais estratégias adotadas pelo segmento está a migração de eventos presenciais para o universo online, opção que atende as regulamentações impostas para o isolamento social no País e, acima de tudo, garante a saúde dos participantes, patrocinadores, fornecedores e demais partes envolvidas. A flexibilidade e a abrangência estão entre as maiores vantagens do mundo digital, entendendo que presença física de visitantes de outras regiões pode ser rompida na transmissão online.
Caem-se os muros e entram novas possibilidades de disseminação de conteúdo a mais pessoas. Do ponto de vista dos parceiros e speakers, cai também a necessidade de mobilizar inúmeras variáveis (incluindo custos) para que estejam presentes, bastando apenas ligar uma câmera, facilitando assim o acesso do público aos conteúdos propostos, de forma mais simples e rápida.
Em contrapartida, os desafios de experiências no ambiente digital ganharam uma nova escala. Tratamos eventos físicos como uma espécie de imersão, um novo mundo em que a pessoa pode acessar inúmeros produtos e parceiros em um só lugar, vivenciando discussões, trocas e networking assertivos e muito relevantes entre os presentes. No virtual, é muito mais difícil trabalhar os cinco sentidos que criam memórias mais profundas. Por isso, a criatividade e soluções inovadoras, tal como realidade aumentada, podem e devem ser exploradas.
No online, é preciso ter bons conteúdos com palestrantes de peso e incluir momentos que atraiam a audiência para participar para engajá-los e evitar distrações normais do dia a dia – um apresentador (a) ou mediador (a) ajuda nesse ponto. Outro ponto importante é criar pausas programadas para que os participantes consigam ir ao banheiro, beber água, lanchar e relaxar. A qualidade dos vídeos e a velocidade da internet também interferem na transmissão e experiência do evento e merecem uma atenção especial; preocupações que eram secundárias em feiras offline.
Considerando uma perspectiva real, vemos, portanto, a história dos grandes eventos mudando definitivamente para cenários mais híbridos – uma tendência que vinha se formando nos últimos anos e que agora ganhou força numa escala rápida, podendo potencializar aspectos pontuais, mas que não substituirá integralmente algumas características relevantes do evento presencial. Trata-se de um mercado gigante que está se reinventando e oferecendo soluções ainda melhores, otimizadas e mais digitais, oferecendo o melhor dos dois mundos no pós-pandemia.
O importante é não perder de vista a conexão e conteúdo de qualidade, e, assim como buscaremos com o CASE Startup Summit 2020, seguir trazendo tendências e análises de cenários futuros, conhecimento técnico e troca de experiências. O público, foco principal de nossa atenção, nos dirá se o ambiente digital supre suas expectativas!
(*) – É diretor operacional da Associação Brasileira de Startups.